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Auditoria revela festas milionárias da ONU no Haiti
A missão da ONU gastou milhares de dólares para jantares, happy hours e outras confraternizações para seus funcionários, às vésperas de encerrar seus trabalhos no país mais pobre da região
Jamil Chade/ O Estado de S.Paulo
GENEBRA– A Missão da ONU no Haiti (Minustah) destinou milhares de dólares para jantares, happy hours e outras confraternizações para seus funcionários, às vésperas de encerrar seus trabalhos no país mais pobre da região. Isso é o que revela uma auditoria realizada internamente pelo próprio escritório das Nações Unidas. Ele também apontou que, em apenas um jantar, o custo do banquete para cada integrante equivale a mais de um mês da renda média de um haitiano.
Por conta do caráter intenso e perigoso de uma missão de paz da ONU, cada uma delas conta com um departamento para garantir o “bem-estar e recreação” dos funcionários. Mas o que a auditoria descobriu é que, no Haiti, houve uma corrida para se gastar o dinheiro antes do fim da missão com festas, restaurantes e turismo.
Apenas num jantar para 200 funcionários realizado três dias antes do encerramento da missão, o escritório gastou US$ 15,2 mil. Ou seja, US$ 75 dólares por pessoa, num dos países mais pobres do mundo. Isso tudo ocorreu sem que os organizadores realizassem uma licitação.
O que ainda chama a atenção é que o valor foi pago por um serviço relativamente limitado: uma taça de coquetel, dois refrigerantes, um buffet e uma sobremesa. Segundo a própria ONU, 1,3 milhão de haitianos precisam de ajuda para se alimentar e 75% vivem com menos de US$ 2 por dia.
Segundo a auditoria, porém, a realidade da Missão da ONU era outra nos últimos dias da operação. A enquete ainda mostrou que outros 17 membros do sindicato dos funcionários foram beneficiados com uma viagem a um hotel resort à beira mar, com um custo total de US$ 5 mil para apenas duas noites.
De acordo com a apuração, a viagem “ocorreu uma semana antes do fim da missão” da ONU no Haiti. “Os custos incluíram acomodação por duas noites, refeições e locais para conferência”, apontou.
Ao realizar a auditoria, a ONU ainda descobriu que um volume significativo de recursos foi usado para bancar festas e confraternizações. Cinco “happy hours” organizado pela missão para os funcionários ainda saiu por US$ 41,8 mil. De acordo com o documento, os participantes nessas festas eram em grande parte “funcionários nacionais”.
Fundos ainda foram usados para organizar dois eventos cujo objetivo era o de “administrar mudanças”. Para isso, foram gastos US$ 18,9 mil.
Revisão – Ao final de 2017, portanto, o Comitê de Bem-Estar ainda tinha um total de US$ 18,6 mil em sua conta. Mas a auditoria determinou que a Minujusth, que substituiu a Minustah, deverá “rever a administração dos fundos de bem-estar durante o período de liquidação e informar qualquer falha por parte dos funcionários da Minustah em manter os padrões elevados de probidade e conduta na gestão desses fundos para evitar que o mesmo ocorra no futuro”.
Numa resposta, a direção da Minujusth se limitou a afirmar que “aceitar as recomendações” realizadas por parte da auditoria. Ela ainda indicou que “o Departamento de Recursos Humanos