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Candidatos botam barba de molho após ataque a Bolsonaro
Alckmin: “trégua” nos ataques a curto prazo.
Por Paulo Victor Chagas /Agência Brasil
Brasília – Após se solidarizarem com o ataque sofrido na tarde de quinta-feira (6) pelo candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, as equipes dos demais presidenciáveis iniciaram neste fim de semana uma série de reuniões internas para planejar o tom e os próximos passos da campanha. Candidatos que produziram propagandas eleitorais combatendo frontalmente Bolsonaro, como é o caso do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), avaliam dar uma “trégua” nos ataques a curto prazo.
Cegos pela indignação
“Todos nós estamos torcendo pelo seu pronto restabelecimento, mas estamos escolhendo o futuro do país. Acho que vai haver um momento de absorção [dos fatos] na eleição, que já ocorria em um ambiente muito ruim em função da crise econômica e da instabilidade política. Ainda vamos ver adequadamente [os próximos passos]. Tem que ouvir e sentir as ruas. Logo logo a gente vai estar reconstruindo as linhas estratégicas da campanha”, afirmou.
Retomada
Na opinião do presidente do PSOL, Juliano Medeiros, a campanha eleitoral deve retomar a normalidade já a partir deste sábado (8). Ele disse que o candidato Guilherme Boulos manterá a sua agenda política com o objetivo de debater “propostas para o povo brasileiro”. “O triste incidente desta semana não anula as enormes diferenças que temos. Bolsonaro segue candidato e nós continuaremos expressando as divergências no campo da política e das ideias, com o máximo respeito e transparência”, declarou.
Linguagem da violência
Sinais ambíguos
A cientista política e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Helcimara Teles analisa que os candidatos têm que ter “cuidado”, a apenas um mês do 1º turno das eleições, para que o episódio não transmita sinais ambíguos ao eleitorado. Segundo ela, do ponto de vista estratégico, os adversários de Bolsonaro podem acabar reforçando o papel de vitimização e construir a “ideia do mito” caso deixem de criticar a tese de que ele é o candidato que tem expressado um discurso violento nas eleições.
“Ele representou a violência nos seus discursos quando foi, há 13 dias para o Acre, e falou que iria fuzilar os petistas. Vez por outra ele diz que ‘bandido bom é bandido morto’, é a favor do porte de armas. O ataque foi um absurdo para a nossa democracia. Mas se os candidatos se manifestarem só até esse ponto, vai parecer para a opinião pública uma confusão entre condenar um ataque e apoiar o Bolsonaro”, disse.
A estratégia de pregar a pacificação pode ser um caminho viável caso parte do eleitorado esteja em busca de programas eleitorais que fujam dos ataques pessoais.
“A situação da morte de Eduardo Campos é semelhante no sentido de um desastre que altera as estratégias de todos os lados. A equipe de Bolsonaro vai apelar para as emoções. Os adversários têm que apelar para racionalidade”, analisa a especialista.
“Esse ataque, que nunca aconteceu na história política brasileira a um candidato a presidente, é apenas a ponta do iceberg de como a polarização e o ódio faz sentido agora. É a época da não política, um estado de guerra de todos contra todos”, avalia.
No centro do debate, o PSL sabe, desde que seu candidato foi gravemente ferido, que não poderá contar com ele nas ruas neste primeiro turno e também reavalia sua campanha. Num primeiro momento, os filhos de Bolsonaro, que disputam a Câmara e o Senado, chegaram a responsabilizar, em nota, “setores políticos e midiáticos” pelos violentos acontecimentos de Juiz de Fora. O mesmo discurso tem sido adotado pela inflamada militância. Ontem, o candidato a vice, general Mourão, revelou que Bolsonaro lhe disse, em telefonema, que não era “hora de guerra”, mas de acalmar os ânimos. Mourão e a família do presidenciável devem assumir sua agenda de compromissos pelo país e intensificar a campanha nas redes sociais.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da candidata Marina Silva, da Rede, que não retornou até o fechamento da reportagem. A campanha do PT à Presidência, que deve escolher nos próximos dias o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabeça de chapa, disse que não se manifesta sobre as estratégias políticas internas.