

POLÍTICA
Direção Nacional do PT deve retirar críticas a Dilma de nova resolução política
Corrente dentro do partido pressionou para tirar do texto imagem de ‘derrotado’ do PT nas eleições; presidente Gleisi Hoffmann nega divergências internas
Renan Truffi/ O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A Direção Nacional do PT deve retirar de sua resolução política críticas à gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve o mandato interrompido após um processo de impeachment em 2016. Os dirigentes e integrantes do partido se reuniram em Brasília nesta sexta-feira, 30, e retomarão o encontro no sábado, 1º, para discutir rumos e estratégias após a eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República.
“Queremos um texto mais enxuto para ser mais contundente na nossa mensagem junto à sociedade, então houve uma tentativa tanto do Dulci e de outro grupo na tentativa de apresentar um terceiro texto. Queremos que (o texto) se situe mais na avaliação do processo eleitoral, características do governo Bolsonaro e na nossa posição: o que vamos fazer. Não queremos um texto que analise os governos anteriores. Por isso, a apresentação de um texto alternativo, mas sem demérito do texto que foi apresentado”, disse a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, antes de amenizar as divergências. “O PT está com muita unidade política na leitura do momento,do que foi as eleições e de como a gente tem que se posicionar perante o governo”, complementou.
No documento preliminar, ao qual o Estado teve acesso, o partido também tentava demarcar diferenças em relação a outros setores da centro-esquerda. O partido prometia, por exemplo, “oposição global” ao governo eleito, alfinetava setores da esquerda que se recusaram a apoiar Fernando Haddad no segundo turno da disputa presidencial, mas admitia que opositores de diferentes matizes podiam “coexistir”. Como o texto final ainda não foi divulgado, não se sabe até o momento se essas posições permanecem.
A própria Dilma Rousseff discursou no evento, fechado para os dirigentes do partido, e fez uma longa defesa de sua gestão. Ela evitou falar dos problemas de sua política econômica e preferiu por destacar “os acertos”. Falou, por exemplo, do programa Mais Médicos, envolto em crise diante da decisão de Cuba de convocar seus profissionais de volta. A reunião do Diretório do PT deve continuar também no sábado, 1º, em hotel na capital federal. Além de Gleisi Hoffmann, participam do encontro lideranças como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-governador da Bahia e senador eleito, Jaques Wagner, e o deputado federal eleito Rui Falcão, além de senadores e deputados da sigla.