

CIDADE
Governo prevê que obras de reconstrução do Museu Nacional só começam em um ano
Por Marcelo Brandão / Agência Brasil
Brasília – O Museu Nacional, destruído pelas chamas no último domingo (2), ainda vai demorar para ser reerguido. A estimativa do governo é que leve de oito a 12 meses para as obras começarem. Antes da reconstrução do prédio, será necessária a elaboração de um projeto. Esse projeto, que pode levar até um ano para ser implementado, vai definir qual será o valor necessário para execução da reforma.
Participaram do encontro, dentre outros, representantes dos sete maiores bancos em atividade no país, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e dos ministros da Educação, Rossieli Soares; e da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Lei Rouanet
Apesar de o fundo ser privado, o dinheiro usado por bancos e outras empresas para abastecê-lo terá impacto nos cofres públicos. O dinheiro repassado ao fundo não terá um caráter de doação e voltará às mesmas empresas por meio de isenções fiscais. Isso porque o governo estuda a aplicação da Lei Rouanet para estimular a participação de empresários e até mesmo de pessoas físicas no fundo patrimonial.
“Estamos definindo, mediante a utilização da Lei Rouanet, uma adaptação dessa lei, para que tanto empresas quanto pessoas físicas possam contribuir”, disse Caffarelli, após a reunião. Segundo ele, é preciso utilizar mecanismos que incentivem a participação de mais empresas no fundo. A Lei Rouanet, que concede isenção fiscal a empresas que apoiarem projetos artísticos e culturais, foi escolhida como um desses “mecanismos”.
Uruguai quer ajudar na reconstrução
Por Marieta Cazarré /Agência Brasil
Montevidéo – O diretor nacional de Cultura do Uruguai, Sergio Mautone, e o coordenador de Museus do país, Javier Royer, expressaram profundo pesar pelo incêndio que destruiu o acervo do Museu Nacional no Rio de Janeiro no último domingo (2).
No texto, afirmam que, em nome do governo uruguaio e todos os museus do país, enviam aos trabalhadores dos museus brasileiros um “fraterno e solidário abraço” e se colocam à disposição para “colaborar no que considerarem oportuno”.
A carta foi direcionada ao reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; ao diretor do Museu Nacional do Rio, Alexandre Kellner; e ao presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Marcelo Araújo.
Proteção
Para a paleontóloga uruguaia Graciela Piñeiro, a tragédia no Museu Nacional do Rio de Janeiro poderia ter sido evitada. “Uma notícia tão triste, que entristeceu a mim e a todos os colegas, não apenas paleontólogos, mas também biólogos, geólogos, todos os cientistas. As perdas de tanto patrimônio que, além de tudo, podiam ter sido evitadas. Sinto impotência diante dessas notícias, porque os patrimônios não estão guardados para mim ou você, são para as gerações futuras e isso nos indigna.”
Ela disse que o mais importante neste momento é que os cientistas se unam e cobrem dos governos nacionais a proteção do patrimônio. “Não devemos perder tempo e sim avançar na proteção do nosso patrimônio. Haverá gerações futuras que estarão interessadas nessa riqueza e devemos exigir das autoridades cuidado e atenção.”
Graciela, que é professora do Departamento de Paleontologia da Universidade da República do Uruguai, acredita que os povos antigos da América do Sul cuidavam muito melhor de suas riquezas e patrimônios do que hoje em dia. Para a paleontóloga, as notícias sobre o descobrimento de material histórico e/ou cultural ou sobre o patrimônio uruguaio são escassas e pouco difundidas.
“Atualmente é difícil encontrar em países sul-americanos interesse nessa riqueza patrimonial, cultural. A minha experiência no Uruguai, quando eu saio para dar palestras para crianças ou idosos, por exemplo, é excelente. Todos ficam maravilhados ao saber de tudo o que o Uruguai tem de legado patrimonial, paleontológico. Mas ninguém sabe, não se difunde isso”, afirma.