Entre 1975 e 1983, estudou Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Enquanto isso, na “Folha”, assessorava o então diretor de redação, Cláudio Abramo, e seu pai, publisher do jornal.
“A memória do meu pai é um emblema muito importante na minha vida, na minha formação”, disse.
Em 1984, assumiu, aos 26 anos, a função de diretor de redação. Ele conduziu várias reformas no jornal, se tornando uma das figuras mais importantes do mercado jornalístico brasileiro.
Já no primeiro ano sob sua direção, o jornal encampou o movimento das “Diretas Já”, que pedia eleições diretas para presidente após o mandato de João Figueiredo.
Também implantou a função de Ombudsman, profissional responsável por opinar sobre o trabalho interno da publicação com total liberdade.
Foi um dos responsáveis pela consolidação do processo de modernização do jornal, tornando a “Folha” uma publicação radical na busca por independência e isenção.
Quando assumiu o controle da redação, lançou o Projeto Folha, que transformou o jornal. Criou o “Manual de Redação”, que prega um texto mais descritivo, rigoroso e impessoal.
Otavio Frias Filho (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)
Fazem parte do grupo a “Folha”, a empresa de conteúdo, produtos e serviços de internet UOL, a gráfica Plural, a editora Publifolha, o instituto de pesquisa Datafolha e empresa de meios eletrônicos de pagamentos PagSeguro.
A história do Grupo Folha começou em 1921, com o lançamento do jornal “Folha da Noite”, em São Paulo. Depois vieram os títulos “Folha da Manhã” (1925) e “Folha da Tarde” (1949). Os três jornais foram fundidos em 1960 para dar origem à “Folha de S.Paulo”, jornal de maior circulação no país.
‘Moderador de tensões’
Otavio Frias Filho (Foto: Lucas Lacaz Ruiz / Futura Press)
Em 1996, em entrevista ao programa da TV Cultura “Roda Viva”, falou sobre a tentativa de fazer jornalismo “crítico, apartidário e pluralista”: “Ou seja, o jornalismo que se preocupa em trazer ao leitor todo tipo de controvérsia e que procura espelhar nas suas páginas as diversas tendências políticas, econômicas ou culturais”.
Recebeu em 1991, em nome do jornal, o prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo, da prestigiosa Universidade de Columbia (EUA).
Entre 1994 e 2004, Frias Filho escrevia semanalmente às quintas-feiras uma coluna na página de opinião da “Folha” (compiladas no ano 2000 no livro “De ponta-cabeça”).
Em 2005, em entrevista na série “Protagonistas da Imprensa Brasileira”, do site Jornalistas&Cia, definiu seu trabalho na “Folha” como de um “moderador” de “inúmeras tensões”. “Considero positivo, dentro de certos limites, que isso ocorra, até para que o jornal não se transforme numa entidade monolítica, de pensamento único.”
Jornalismo e teatro
Também na entrevista de 2005, ele falou sobre seus interesses fora do jornalismo, principalmente no teatro, e admitiu não ter a “paixão pela notícia” de um repórter.
“Eu não sou um repórter nato. Pelo contrário, a rigor nunca exerci a atividade de repórter. Estou num ambiente de jornal há muito tempo. (…) Venho aqui a esse prédio regularmente desde os 17 anos, com prazer (…) Como não tenho esse entusiasmo todo, em momentos delicados consigo o distanciamento necessário para analisar com mais serenidade os fatos.”
Ele teve três peças de teatro publicadas no livro “Tutankaton” (Iluminuras, 1991). Quatro peças suas foram encenadas: “Típico Romântico” (1992), “Rancor” (1993), “Don Juan” (1995) e “Sonho de Núpcias” (2002).
Publicou em 2003 “Queda Livre” (Companhia das Letras), livro de ensaios que junta reportagem, autobiografia e observação antropológica. É também autor de “Seleção Natural” (Publifolha, 2009).
Câncer
O câncer de pâncreas é considerado por especialistas como uma das formas mais letais de tumor maligno. Ele costuma matar 95% dos pacientes em cinco anos. Foi essa doença que matou, por exemplo, Steve Jobs, cofundador da Apple, e a cantora Aretha Franklin.
Frias Filho foi diagnosticado com a doença no ano passado. Desde então, vinha tratando no Hospital Sírio-Libanês.