Um estudo histórico e genealógico mostra que ao menos 12 por cento da população tem alguma coisa a ver com o povo judeu. Entretanto, sempre há indagações sobre o porquê de o judaísmo não ter permanecido forte no Brasil. Esse número já chegou aproximadamente a 1/3 da população brasileira, segundo a professora Dra Anitta Novinsky, da Universidade de São Paulo – USP.
Historiadores vêm abordando e redescobrindo as múltiplas histórias do Brasil. Falar da colonização do Brasil sem os judeus é uma grave falha, já que milhares deles foram decisivos para imigração europeia na época e depois ao Brasil.
A história de Cametá, no Baixo Tocantins paraense, começa muito antes dos livros de história. A cidade de Cametá possui uma riqueza histórica e arqueológica imensurável, sua saga contém grandes riquezas a serem descobertas e recontadas. Várias comunidades de imigrantes fizeram parte da formação da identidade cametaense. Uma delas foram as comunidades judaicas no Rio Tocantins nos seus mais variados aspectos. Elas chegam com os cristãos novos, no século XVII, na região, em uma primeira imigração judaica na Amazônia.
“Cristãos novos” era o apelido dado aos imigrantes da Península Ibérica, judeus que se converteram ao cristianismo católico forçadamente, milhares vieram na primeira imigração para a região amazônica e tocantina.
CAMETÁ
Cametá, na época, era uma cidade imponente e próspera, uma espécie de capital da região. A cidade era uma das maiores do Norte do Brasil e possuía um importante papel no cenário socioeconômico de construção da história do Pará e da Amazônia.
Milhares de descendentes de judeus já não sabem sua origem, são chamados de “Sefarditas”, sem saber.
Cametá já possuiu a segunda maior colônia judaizana do Norte do Brasil. Os remanescentes de judeus de Cametá, Mocajuba, Baião, Vila do Carmo e Carapajó são numerosas, muitos nem sabem que são filhos de Israel.
Os judeus de Cametá tiveram uma grande participação histórica para a construção da identidade cultural e econômica do povo cametaense, mas sua história foi ignorada principalmente pela aculturação e o sincretismo religioso cristão.
Os aspectos econômicos e sociais, junto a relatos de memórias, da inserção das comunidades judaicas, na realidade amazônica, são de grande valia, não só para a história destas comunidades, como também, para ajudar a construir uma nova história em Cametá e na Amazônia como um todo.
CULTURA
Quase sempre, quando pesquisadores se referem à Amazônia, são ressaltados os povos da florestas, ribeirinhos, mas quase nunca são citados os grupos judaicos que encontram-se radicados há séculos na Região Norte, demarcando de uma forma ou de outra seu território identitário, ainda ressaltando que, dois séculos de imigração é algo muito significativo para um país que tem um pouco mais de quinhentos anos.
Cametá foi uma das primeiras cidades da Amazônia a receber judeus. Antes mesmo do ciclo da borracha já se podia notar a presença judaica e o sincretismo religioso em várias formas nas histórias orais dos ribeirinhos e anciões na região. Inicialmente, jovens solteiros que viriam a ser regatão e administradores de barracões de coletas de produtos da floresta, depois famílias judaicas que paulatinamente chegaram na cidade, muitas fugindo dos surtos de febre amarela que eram muito comuns na capital. Um dos principais produtos da exportação cametaense era o cacau, que logo foi ultrapassado pelas produções baianas e inglesas nas colônias do Caribe.
CIDADE EMERGENTE
Embora hoje a cidade apresente uma decadente economia, na época, Cametá oferecia um modelo de cidade emergente, com coretos importados da França e iluminação pública que adornavam a praça da matriz, já no ano de 1906. Até hoje, é possível ver os portes de ferro importados da Inglaterra na Praça de Juaba, vila importante de Cametá. Os judeus logo se integraram à elite local, que era formada por filhos de portugueses, espanhóis, franceses e libaneses, que ocupavam as primeiras ruas da cidade com seus comércios e residências.
DEBANDA
Após a crise da borracha, na primeira década do século vinte, as inúmeras famílias judias que viviam nas cidades e vilas ao longo dos principais rios da Amazônia, gradativamente, começam a imigrar para as capitais como Belém e Manaus. Muitas destas famílias prosperaram após anos comercializando produtos regionais, como fazia a maioria da elite constituída na época. Mas, com o esgotamento destes recursos e a desvalorização dos mesmos no mercado internacional, o interior da Amazônia se tornou um lugar vazio de oportunidades, impulsionando desta forma os judeus que residiam no interior a engrossarem as comunidades já constituídas nas capitais.
Mesmo os judeus com menos recursos, também deixaram as cidades interioranas, e na maioria das vezes valendo-se das redes de ajuda mútua, sempre existentes dentre os judeus ao longo de anos de diáspora, procuravam se estabelecer nas capitais para iniciar um novo passo na história da imigração judaica na Amazônia.
No início dos anos 50 do século passado, as comunidades interioranas estavam totalmente esvaziadas, as gerações que se constituiriam na capital já não teriam uma característica comercial extrativista, a maioria dos componentes das gerações nascidas ou imigrada para as capitais enveredou por outro tipo de comércio ou tornaram-se profissionais liberais.
Em Cametá, não foi diferente, mais de um século de inserção judaica foi deixado para trás em prol de um novo modelo de vida na capital, mas mesmo atualmente havendo poucos judeus na cidade, se faz importante a realização destas informações.
Os Bnei Anusim (“filhos dos coagidos”), como são chamados, deram os primeiros passos para serem novamente reconhecidos como judeus, em Cametá. Há um grupo que busca unir a fé, fé essa quase perdida pela história.
Cametá, além de Belém, foram as únicas cidades do Pará que tiveram uma sinagoga pública. A Sinagoga se chamava “Casa da paz” pronunciada em hebraico de “Beit Shalom” que funcionava na primeira rua de Cametá, sendo tragada pela erosão do rio.
Em Cametá, dezenas de famílias não sabem que descendem de judeus, famílias essas que vieram em uma das duas ondas migratórias judaicas na região; uma no período de colonização e a segunda, na “Belle Epoque”.
Famílias como: Elgabre, Maneschy, Alvin, Carneiro, Chaves, Azulay, Laredo, Bentes, Pinto, Bentes, Azancot, Cohen, Sabbá, Coelho, Carneiro e outros descende de Israel.
A comunidade judaica de Cametá Beit Shalom ainda existe no município, se expandindo para Belém com os filhos dos cametaenses que residem na capital. Se estuda também em criar uma Enagoga em Mocajuba. (J. Campos/Edição: Roberto Barbosa)
Estima-se haver cerca de dois mil filhos de judeus em Cametá.
Imagens: Reprodução

1 comentário
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