O documentário “minha vida por um fio” é um projeto realizado pelos profissionais de Santarém, que foram contemplados por meio da Lei Aldair Blanc do Estado Do Pará. O filme narra a história de mulheres ribeirinhas vítimas de escalpelamento na Amazônia.
O escalpelamento acontece quando a vítima tem o couro cabeludo arrancado pelos eixos de motores descobertos dos barcos.
“O escalpelamento é um problema social em nossa região ainda invisível para as demais regiões do Brasil, inclusive para a nossa própria população. Pensando em dar a visibilidade necessária para esse assunto que é tão emergente, produzimos um documentário que expõe as narrativas de atores sociais ligados diretamente a essa realidade. Com isso, buscamos que a informação chegue a todos os públicos, contribuindo com a prevenção do acidente”, ressaltou a jornalista e diretora do documentário, Anna Karla Lima.
O projeto é resultado de uma pesquisa de doutorado realizado pelo pesquisador, antropólogo e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Diego Alano Pinheiro, que também é roteirista do audiovisual.
Durante dois anos Diego Alano se dedicou a estudar os acidentes de escalpelamento na Amazônia, em particular, no estado do Pará. O trabalho foi premiado como melhor tese em Antropologia e Direitos Humanos em 2020 pela Associação Brasileira de Antropologia, dada a relevância e urgência sobre a temática.
“Agora essa pesquisa se torna também documentário. Durante o estudo, observei os itinerários terapêuticos das vítimas e acompanhei os discursos dos agentes sociais diretamente ligados à realidade afim de compreender as causas do acidente que atinge principalmente mulheres jovens e crianças, causando uma desestruturação na vida social das vítimas, prejudicando significativamente aspectos no que concerne o estudo, trabalho, relacionamentos a imagem corporal. Obrigando-as a saírem de suas comunidades ribeirinhas em busca de tratamento na capital do estado”, explica o antropólogo.
O documentário tem duração de aproximadamente 60 minutos foi gravado nos municípios de Santarém, Belém, Abaetetuba, Ananindeua e São Paulo e relata as trajetórias das vítimas, as políticas públicas produzidas e as perspectivas dos ribeirinhos e do Estado.
A estreia que acontece na quarta-feira (29), em Sntarém, terá sessão para convidados no auditório do Instituto Esperança de Ensino Superior (Iespes), às 19h, e simultaneamente será lançado no youtube: https://bityli.com/minhavidaporumfio
O documentário foi produzido em parceria com o Grupo Canoa Filmes e seguiu todos os protocolos sanitários e de biossegurança recomendados pelas autoridades de saúde.
Foto: divulgação