Não obstante sucessivas tentativas de manobras perpetradas por quatro diretores da Cooperativa Mista dos Garimpeiros de Serra Pelada, Coomigasp, a presidente da entidade, Deuzita Viana Rodrigues, realizou uma grande Assembleia Geral no último domingo, 23, com a participação de mais de 2.500 garimpeiros, para aprovar a cessão dos direitos adquiridos pela Cooperativa para seus associados, autorizando que a União repasse diretamente aos garimpeiros os valores retidos após o fechamento do garimpo, em 1993.
Os recursos são relativos à venda das sobras de ouro, paládio e prata dos primeiros 400 lotes do garimpo de Serra Pelada. Os informes são do site O Antagônico.Segundo a advogada Josiane Souza, a Assembleia deu um passo importantíssimo para resolver um impasse que já dura mais de 30 anos. No encontro, realizado no galpão da entidade, os garimpeiros decidiram que os valores retidos devem ser divididos em contas vinculadas ao CPF de cada associado.
Em números atualizados, a cifra supera um bilhão e trezentos mil reais, que se encontram depositados na Caixa Econômica Federal e na Casa da Moeda, referentes às sobras de ouro, prata e paládio extraídos no garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, quando a extração era manual. A batalha por essa mina em dinheiro vivo vem desde 1986. O que a Caixa deve aos garimpeiros corresponde, por exemplo, ao preço pago pelo grupo Rede para aquisição das Centrais Elétricas do Pará (Celpa). Governo e Justiça Federal concordam com a liberação se, obrigatoriamente, tais recursos forem destinados à lavra da montoeira onde ainda existem 35 toneladas de ouro, cujo projeto pertence 100% aos garimpeiros sócios da Coomigasp e em outros projetos futuros da cooperativa.
Por seu turno, os garimpeiros reclamam de que a Lei 7.598 cria obstáculos à liberação dos recursos, uma vez que vincula esses valores à manutenção do garimpo de Serra Pelada.AFASTAMENTONa segunda-feira, 24, o Conselho Fiscal da Coomigasp anunciou o afastamento de dois diretores, ambos ligados a grupos econômicos e que tentam, a todo custo, juntamente com outros dois dirigentes, criar obstáculos à causa garimpeira. Um dos diretores é o ex-vereador e empresário Manoel Zacarias da Silva, apontado como mentor do levante para tentar destituir a atual diretoria.
Além de atentar claramente contra os anseios da classe, a rigor, Zacarias não poderia sequer ser dirigente da Coomigasp. Isso porque, ele é membro de outra entidade, a Cooperativa de Mineradores do Sul e Sudeste do Pará.A reportagem de A PROVÍNCIA DO PARÁ tenta contato com Manoel Zacarias, porém, ainda não conseguiu falar com o empresário.
Imagem: Correio de Carajás