Tudo começa pela família. Hoje é comum uma família sem pai, sem mãe, com filhos sendo criados ao “Deus dará”, jogados pelas ruas, a pedir esmolas, pedir comida e a roubar para matar a fome. Tantos que nem sabem quem são os seus pais, onde estão sua origens. Se não houvesse a religião, seja ela de que denominação for, as coisas poderiam estar bem piores, pois a religião agrega, doutrina, mostra caminhos, ensina. Não há religião, no Brasil, que pregue a violência, mas sim a paz, porque a maioria é baseada no cristianismo.
Para o delegado Neyvaldo Silva, diretor da Divisão de Investigações e Operações Especiais – DIOE, “a situação caminha para um caos social maior do que já se vive”, posto que a base para melhorar tudo isso, começa pela educação e pela reagregação da família, do conceito de família.
“A gente vê como mudou a família, como mudaram os comportamentos. Antigamente, íamos a algum lugar, um restaurante, por exemplo, o garçom trazia o cardápio, a mãe ou o pai pegava e dizia: ‘trás tal coisa pra ele e pra ela’; hoje é diferente: o cardápio é dado para o filho que escolhe o que quer sem se importar com o valor a ser cobrado porque o papai e a mamãe pagam. Ele não valoriza. Antes, a gente aprendia o conceito do valor e a superioridade dos pais. Isso é só um exemplo, porque os filhos fazem o que querem e somos nós que permitimos isso”, afirmou o experiente policial que já trabalhou em várias cidades paraenses, dirigiu inúmeras divisões da Polícia, seccionais urbanas e delegacias.
Neyvaldo Silva diz que está o tempo todo em contato com o público, com as pessoas, escuta o que elas falam.
“Eu não vou permitir que a minha mãe ou o meu pai diga como eu vou criar meu filho”. Esta frase, segundo o policial, mostra o quão as pessoas estão caminhando para uma independência que despreza os costumes, os ensinamentos recebidos. “Claro que toda regra tem uma exceção, mas a gente ainda vai chegar à era e que ‘o que era exceção vai virar regra’; isso é perigoso, afirma o delegado de Investigações e Operações Especiais.
“Eu não vou levar nem exigir que meu filho siga esta ou aquela religião; quando ele crescer, ele vai escolher o que quer com liberdade”. Para o delegado Neyvaldo Silva, essa criança, essa pessoa não vai ter religião nenhuma, porque não teve base. “É a família que tem o dever de mostrar a religião, mostrar o caminho e colocar a criança na escola. Fiz minha monografia da pós-graduação em cima da frase ‘você sabem com quem está falando?’. Ou seja, as pessoas estão muito absolutas e isso vem de berço”, explicou.
Lembrou o delegado Neyvaldo Silva que os pais ganham pouco, trabalham diuturnamente para dar o melhor para os filhos, mas, no mundo atual, da internet, dos games, eles querem sempre mais, como a calça, camisa, sapato e meia de marcas porque o coleguinha, o amiguinho tem. A criança, o jovem não tem essa condição porque os pais não têm como comprar essas coisas. Em muitos casos, é assim que começa a semente do crime, o juntar-se a bandidos, principalmente o tráfico.
DROGAS
Segundo o delegado Neyvaldo Silva, a principal base do crime é o tráfico de drogas. “Eu autuava um jovem porque foi flagrado com drogas, em quantidade suficiente para enquadramento por tráfico, artigo 12 do Código de Processo Penal. Então, esse jovem me perguntou: ‘doutor, o senhor vai me autuar por tráfico? Mas eu nem tenho avião ’ Quer dizer, na visão dele, traficante é aquele sujeito que ostenta de tudo, tem poder, tem muito dinheiro, aviões, carrões, iates, mansões, propriedades. Ele, então, seria apenas um instrumento do traficante e a lei é impessoal”.
Mas o certo é que o tráfico é uma das maiores base de formação do bandido, uma das maiores geradoras de violência e se mina a partir dessa desagregação, deseducação e falta de Deus no coração das pessoas, entende o policial.
Também acrescentou o policial que, noutra ponta do iceberg está o estelionatário. “Esse não usa da violência, mas da astúcia. Ele toma tudo o que a pessoa juntou a vida inteira, sem violência, mas causando sequelas que talvez nunca mais sejam curadas. Mesmo assim, a lei é mais complacente com o estelionatário, que não deixa de ser bandido, mas fica bem menos na cadeia. De um lado tem o ladrão que assalta armado, muitas vezes intimida, fere e até mata; do outro, aquele que rouba com astúcia. Todos são criminosos que deveriam ter o mesmo tratamento, que deveriam ser processados, condenados sem direito aos benefícios, porque a vítima não tem qualquer benefício da lei. O certo é o criminoso ser condenado e ficar na cadeia, produzindo para o país, para pagar por sua pena e para se tornar pessoa melhor”.