terça-feira, dezembro 16, 2025
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Símbolo do Norte, açaí é tema de trilogia filmada por jovens ribeirinhos das ilhas de Belém

O açaí, um dos símbolos mais fortes do Norte, virou trilogia de documentários filmada nas ilhas de Belém por quem vive o território — e por quem cresce nele. A terceira produção do Cine Pesca será lançada na sexta-feira (19), na Casa Escola da Pesca, na Ilha de Caratateua, em Outeiro. O projeto começou em 2023, com registros do Festival do Açaí em Jutuba e Viçosa, e agora chega à comunidade do Fama, com a proposta de guardar em imagem e som um modo de vida que se organiza em torno do fruto: na comida, no trabalho e no pertencimento ribeirinho.

Criado em 2015, o Cine Pesca funciona como cineclube e também como escola de audiovisual. Estudantes das ilhas do norte de Belém participam de oficinas e assumem o fazer do filme — câmera, som, entrevistas, montagem — numa experiência em que a juventude deixa de ser apenas personagem e passa a ser autora do próprio registro. Ao acompanhar o Festival do Açaí, o documentário mostra que a festa não é só programação: é território, é economia local, é memória de família e é identidade.

“A comunidade sempre recebe os filmes com muita força, porque existe esse desejo de se ver na tela, de reconhecer a própria casa, a própria festa, a própria voz”, diz a arte-educadora Renata Aguiar, idealizadora do Cine Pesca. Segundo ela, as exibições costumam virar encontro: moradores comentam, se reconhecem nas imagens e transformam a sessão em um momento coletivo — um jeito de o cinema voltar a ser, antes de tudo, convivência.

O projeto revela um método de criação que parte do afeto e da convivência. As histórias filmadas são apresentadas pelos próprios estudantes, que levam a equipe até suas comunidades, entrevistam familiares, vizinhos e lideranças locais. “A gente vai filmar a avó do aluno, o tio, a pessoa que cozinha no festival. São comunidades que funcionam como grandes famílias, e isso aparece nos filmes”, diz Renata.

Nesta etapa, além do lançamento do documentário, o Cine Pesca segue com a circulação dos filmes pelas ilhas, por meio da Mostra Ilhas, iniciativa que ampliou o alcance do projeto mesmo sem novos recursos de captação. As sessões são realizadas com projetor e tela grande, retomando o cinema como experiência coletiva. “É uma forma de tirar o audiovisual da tela individual do celular e devolver à comunidade esse momento de encontro”, afirma a educadora.

Ao encerrar a trilogia do açaí, o Cine Pesca também aponta para novos caminhos. A ideia, a partir do próximo ano, é documentar outros festivais e expressões da cultura alimentar das ilhas, como celebrações ligadas a frutas, peixes ou mariscos, atendendo a uma demanda que surge das próprias comunidades. “As pessoas dizem: ‘lá na minha ilha também tem um festival que precisa ser documentado’. Existe essa vontade de existir no registro, de não deixar essas histórias desaparecerem”, relata Renata.

Com entrada gratuita, o lançamento do filme reafirma o Cine Pesca como um projeto que articula educação, cultura e audiovisual a partir do território, transformando o cinema em ferramenta de escuta, memória e construção coletiva nas ilhas de Belém.

Serviço:

Lançamento do terceiro filme da trilogia do festival do Açaí, dia 19 de dezembro, às 9h, na Casa Escola da Pesca, da Funbosque, localizada na Passagem São José, 50 – Itaiteua (Outeiro), Belém. Entrada franca.

Texto e imagem: Divulgação

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