sexta-feira, outubro 17, 2025
Desde 1876

Literatura – Memórias da Bahia

O butequinho de madeira com apenas dois banquinhos fincados no chão  ficava em Itapuã. Numa das ruas que dá acesso à via que leva a Arembepe. Eu ocupava um dos bancos bebericando a cerveja bem gelada.

O estranho chegou devagar, mas parecia preocupado. Não dei muita atenção até ele dizer rindo:

_ Na tonga da milonga do cabureté.

Não falava comigo apesar de ser a única pessoa no bar.

Continuei a beber sem puxar assunto. Ele repetiu a frase, mas dessa vez olhava pra mim.

_ Na tonga da milonga do cabureté.

E emendou:

_ Foi a Gesse que me ensinou.

Pedi um copo vazio e enchi de cerveja. Sem nada perguntar, estiquei o braço segurando o copo na direção do homem.

Ele pegou o copo e deu um longo gole.

_ É nagô, disse.

_ Não sei onde deixei meu carro, mudou de assunto, revelando em seguida:

_ É um Jipe.

_ Significa o cabelo do cu.

Esvaziou o copo e foi embora sem agradecer. 

Não parecia estar muito bêbado.

Demorei um pouco para descobrir que o cabelo do cu era a tradução de na tonga da milonga.

Texto: Raimundo Souza

*O autor é jornalista e escritor

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