A escritora Ana Maria Gonçalves foi eleita nesta quinta-feira (10) para a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a integrar a instituição em seus 128 anos de história. Aos 55 anos, ela também passa a ser a mais jovem entre os atuais imortais.
Autora do consagrado romance Um Defeito de Cor, Gonçalves recebeu 30 dos 31 votos possíveis na eleição, que contou com urnas eletrônicas cedidas pelo TRE do Rio de Janeiro. A outra candidata que recebeu um voto foi Eliane Potiguara.
Lançado em 2006, Um Defeito de Cor venceu o Prêmio Casa de las Américas e foi eleito o melhor livro brasileiro do século 21 por um júri da Folha de S.Paulo. A obra conta a trajetória de Kehinde, uma mulher africana em busca do filho perdido no século 19, abordando com profundidade temas como escravidão, racismo e ancestralidade. O livro também inspirou o samba-enredo da Portela no carnaval de 2024.
Além de escritora, Ana Maria é roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. Já foi escritora residente em renomadas universidades dos Estados Unidos, como Stanford e Tulane, e se destaca pelo engajamento em debates literários e raciais no Brasil e no exterior.
Ela ocupará a vaga deixada pelo filólogo Evanildo Bechara, falecido em maio deste ano, aos 97 anos.
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