domingo, agosto 17, 2025
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Chupeta anti-estresse? Nova moda traz problemas e não substitui terapia

Nova tendência pode indicar vontade de deixar de ser adulto e os danos bucais causados por ela podem exigir tratamentos longos

Nathalie Ayres, da CNN

É muito comum que crianças pequenas recorram ao uso da chupeta como forma de se acalmar. Mas e quando adultos começam a se valer do mesmo recurso?

Uma moda recente nas redes sociais têm mostrado jovens, especialmente na China e Coreia do Sul, recorrendo ao acessório infantil como forma de aliviar a ansiedade e o estresse, além de ajudar a reduzir sintomas de abstinência ao parar de fumar. No entanto, além de não haver evidências do bem que esse hábito pode trazer, ele pode causar problemas bucais.

Regressão ou vontade de voltar a ser criança?

Geralmente, crianças pequenas recorrem à chupeta como forma de lidar com a ausência do peito materno, que significava uma ligação constante com essa figura de mãe, que nutre. Nos adultos, isso pode significar a necessidade de recorrer a técnicas do passado para lidar com um problema presente. “Quando adultos usam símbolos tão ligados à primeira infância, como a chupeta, estamos vendo um movimento de regressão. É uma tentativa de lidar com pressões emocionais por meio de comportamentos que remetem ao conforto e à segurança de fases mais iniciais da vida”, considera a psicóloga e psicanalista Fabiana Guntovitch.

Para ela, além de forma de autorregular as emoções, o símbolo da chupeta pode ser uma forma de comunicar que se está cansado de ser adulto. O problema, é que esse tipo de estratégia não atua nas causas da ansiedade. “Podendo gerar dependência psicológica e dificultar o desenvolvimento de recursos internos mais maduros”, considera a psicóloga Maria Klein.

Geralmente, quando se é preciso retornar à recursos da infância para lidar com uma situação na vida adulta, isso significa que é preciso construir formas novas de lidar com determinado desafio.

Klein ainda reforça como esses comportamentos acabam se propagando na internet e são imitados por curiosidade, sem uma reflexão sobre seus impactos. “Essa dinâmica reforça a importância de desenvolver consciência emocional e discernimento, para que escolhas não sejam guiadas apenas pela pressão social ou pelo imediatismo das redes”, reforça a especialista.

Para ambas, existem outras formas de lidar com a ansiedade e as pressões da vida adulta, como a psicoterapia, que vai trabalhar justamente na construção de novas recursos e meios de manejar situações desafiadoras do dia a dia.

Problemas além da mental: saúde bucal fica em risco

Apesar de não existirem estudos científicos que mostrem os efeitos do uso da chupeta por adultos, sabe-se que ele é um hábito ruim em qualquer idade. “O bico altera a posição de fechamento dos arcos, com lábios vedados. O uso prolongado poderá provocar desalinhamento dos dentes, desconforto temporomandibular, além de reflexos na respiração e na estética do sorriso”, descreve a dentista Sandra Silvestre, conselheira do CFO (Conselho Federal de Odontologia), especialista em Ortodontia e mestre e doutora em Odontopediatria.

Ele reforça como esse tipo de prejuízo pode exigir tratamentos prolongados, envolvendo o uso de aparelhos dentais. “Um risco que não vale a pena”, aponta a especialista, que ainda reforça como chupetas indicados ao público adulto não possuem venda regualizarada no Brasil.

Getty Images

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