A 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial foi palco para um momento de forte representatividade e cultura na manhã desta quinta-feira (21) em Belém. Realizado no campus Alcindo Cacela II do Cesupa, o evento reuniu lideranças políticas, ativistas, movimentos sociais, autoridades e, com destaque especial, a Feira de Empreendedores Negros e Quilombolas.
Essa feira, organizada no contexto da conferência, é muito mais do que uma vitrine de produtos: é um espaço onde tradição, arte e identidade se encontram com empreendedorismo e visibilidade. Artesanatos, produções culturais, saberes e sabores históricos foram apresentados por mulheres e homens de diversas comunidades, especialmente aquelas remanescentes de quilombos.

Organizada pela Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), a conferência teve como tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial” e abriu com falas potentes de intelectuais como o professor da UFRJ Flávio Gomes, que discutiu racismo estrutural, e as professoras Jacqueline Guimarães e Zélia Amador de Deus, que abordaram vivências amazônicas e a construção de políticas de igualdade no Pará.
Mas foi à tarde que muitas vozes quilombolas e negras puderam mostrar sua força de forma criativa e propositiva. A feira reuniu não só produtos artesanais, mas manifestações culturais e propostas de política pública. O evento acontece após uma etapa municipal participativa, em que 24 cidades já elegeram delegados representativas, que agora vão concorrer a vagas na Conferência Nacional, marcada para setembro em Brasília.
Para a titular da Seirdh, Edilza Fontes, a conferência é uma oportunidade de diálogo direto da população negra, quilombola, indígena, cigana e dos povos e comunidades tradicionais com poderes públicos. “É um momento de proposição enquanto população negra, quilombola possibilitamos o diálogo com o poder público para proposição de políticas públicas,” afirmou.
E o significado vai além da representatividade: segundo o deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, o Pará já vem fortalecendo as políticas público-raciais com reconhecimento de territórios quilombolas, inserção de conteúdos antirracistas nas escolas e apoio à educação popular. “A conferência estadual é a afirmação deste processo… temos diversos projetos de educação popular sendo implementados no Estado,” avaliou.
Imagem: Agência Pará