domingo, novembro 23, 2025
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Final da COP30 em Belém: Avanços para adaptação e expectativas sobre a saída dos combustíveis fósseis

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), da Organizçaão das Nações Unidas, se encerrou no sábado, 22, em Belém, capital do Pará e da Amazônia, Brasil, deixou um legado importante para a agenda climática global — e também reforçou o protagonismo do Brasil, especialmente do Pará, como palco dessa discussão vital. Foi a COP da verdade, a COP da democracia, a COP da Floresta. O documento final não consegue agradar a gregos e troianos, no entanto, é publicado com avanços que partem desta região do mundo que tem a maior floresta tropical e que tem povos que nela habitam desde as origens da humanidade.

Um dos destaques anunciados pela presidência brasileira, na pessoa do embaixador André Corrêa do Lago, foi o aumento expressivo do compromisso financeiro para adaptação. A COP30 conseguiu triplicar o financiamento destinado a ajudar países mais vulneráveis a enfrentarem os impactos das mudanças climáticas, consolidando um compromisso de longo prazo para 2035.

Durante as negociações, o número de indicadores para monitorar esse processo foi reduzido: originalmente, mais de 100 métricas foram sugeridas, mas o texto final conseguiu consenso com 59, o que representa um avanço simbólico, segundo o embaixador André Corrêa do Lago. Ele afirmou que as discussões continuarão em Bonn, na Alemanha, já no próximo ano.

Para a secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, outro ponto de destaque foi a institucionalização da adaptação: o fato de a COP30 ter colocado essa pauta “em outro patamar” é um sinal de que a meta de triplicar o financiamento é vista como realista, não apenas discurso.

Inclusão social, gênero e justiça climática

A conferência também avançou em temas de equidade: houve reconhecimento formal da vulnerabilidade de mulheres e meninas afrodescendentes, além da valorização das populações indígenas e tradicionais na agenda climática. A COP30 aprovou 29 decisões no que ficou conhecido como “Pacote Belém”, que inclui mecanismos de transição justa e a atenção para o papel dessas comunidades na proteção de sumidouros de carbono.

A negociadora-chefe Liliam Chagas destacou ainda a criação de um fórum permanente para discutir a relação entre comércio e clima. Segundo ela, esse espaço pode ajudar países a desenvolverem políticas climáticas sem depender exclusivamente do caminho formal de negociação da ONU.

Combustíveis fósseis: impasse e caminhos futuros

Apesar dos avanços, um dos pontos mais polêmicos ficou de fora do acordo formal: o documento final da COP30 não contém um “mapa do caminho” explícito para a eliminação gradual de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás, que tem um custo-benefício bastante elevado para os governos, especialmente de países em desenvolvimento, caso da China, o maio poluidor do mundo, ao lado dos Estados Unidos da América que não teve participação oficial na Conferência do Clima.

Segundo o embaixador brasileiro Corrêa do Lago, a pressão diplomática era intensa, mas houve resistência de países produtores de petróleo. Ele disse que a fala de Lula, defendendo a transição energética, foi fundamental para manter o tema central na agenda. Mesmo sem consenso, a presidência da conferência afirmou que vai continuar promovendo pesquisas e ações capazes de indicar uma trajetória para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que fez o discurso de encerramento da COP representando a Presidência da Repúbica, reforçou que a transição precisa considerar não só a mitigação, mas também a adaptação: “não temos como infinitamente adaptar”, disse ela, destacando a urgência de recursos financeiros e tecnológicos para os países mais vulneráveis.

Além disso, a COP30 firmou um compromisso ambicioso no combate ao desmatamento: um dos caminhos apontados é que terras indígenas e comunidades tradicionais sejam reconhecidas como protetoras de sumidouros de carbono, reforçando seu papel estratégico na preservação da floresta.

Legado amazônico: muito além das negociações

Para Marina Silva, a conferência realizada na Amazônia deixou um legado simbólico e concreto. Ela destacou que a região amazônica não é apenas palco das negociações, mas fonte de conhecimento, cultura e experiências que devem orientar as soluções climáticas globais. “A Amazônia não recebe apenas um legado, mas oferece um legado”, afirmou.

Um outro ponto importante é o fortalecimento de mecanismos financeiros: durante a COP30, foi lançado o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, que visa proteger a biodiversidade amazônica e transformar as florestas em ativos econômicos para investimentos sustentáveis.

BALANÇO GERAL DA COP30

  • Financiamento ampliado: triplicação da meta para adaptação até 2035. Agência Brasil
  • Pacote Belém: 29 decisões aprovadas, com foco em transição justa, gênero, tecnologia e comércio.
  • Desafio persistente: ausência de compromisso formal para saída dos combustíveis fósseis — promessa de debate contínuo.
  • Inclusão social: fortalecimento da participação de povos indígenas, populações afrodescendentes e comunidades locais.
  • Legado amazônico: a conferência valorizou a visão e a experiência da floresta e das comunidades locais como parte da solução climática.

Pela equipe do Jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ em cobertura internacional: Roberto Barbosa, Marina Moreira, Jr Campos, Jimmy Nigth; Imagens: Nazaré Sarmento *(Ronabar), Agência Brasil e portais; apoio: Carlos Santos e Aline Santos, Grupo Marajoara de Comunicação; supervisão: Leandro Monteiro.

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