O Fórum da Cultura Oceânica, formado por agentes públicos e privados com o compromisso de criar o “Currículo Azul” nas escolas da região Norte, em parceria com as secretarias de Educação da região, reuniu-se nesta semana nas dependências da Universidade Federal do Pará – UFPA. Sob a coordenação do presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da Unesco, Ronaldo Christofoletti; do coordenador de educação ambiental da Seduc, Mauro Tavares da Silva; do Capitão de Mar e Guerra, Rafael Teixeira Cerqueira; do magnífico reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira da Silva, dentre outras autoridades, os debates deixaram patente o papel da educação escolar na cultura oceânica, que cobre 70% do planeta e sofre com o aquecimento global, a imensa poluição provocada pelo homem, e a prática da pesca predatória que vem diminuindo a oferta de alimentos antes fartos em cardumes de diversas espécies, e hoje cada vez mais raros.
Durante os debates dos representantes do Fórum da Cultura Oceânica, Ronaldo Christofoletti, avaliou que os oceanos estão febris, com 0,4 graus acima da média, refletindo em sérias mudanças climáticas no planeta, como temos assistido continuamente.
“Os oceanos acima da temperatura provocam massas de ar quente que fazem aquecer a atmosfera do planeta, que acaba interferindo, por exemplo, na floresta amazônica, que por sua vez produz menos umidade e isso irá provocar outros fatores climáticos. Está tudo interligado”, assevera ele.
O capitão de mar e guerra, Rafael Teixeira Cerqueira, destacou a importância dos oceanos para a vida na terra e a elaboração de um currículo escolar nas escolas, mostrando para a nova geração que o mar não é só lazer, diversão, contemplação e aventura.
“Os oceanos, mares e rios são sinônimos de alimento, transporte, água, energia e principalmente, a renovação da nossa atmosfera”, enfatizou.
Segundo Cerqueira, 95% do transporte de nossas riquezas são realizados através da navegação e a Marinha sofre com vandalismos frequentes nas sinalizações náuticas, que implicam em prejuízo e falta de segurança para quem viaja.
O tema recorrente do Fórum girou em torno da proposta “A ciência que precisamos, para o oceano que queremos”, abrindo espaço para a formação de professores iniciarem cursos de educação ambiental, com conteúdos de preservação e controle do ambiente marítimo.
O formato de Escola Azul tem a proposta de abordar os aspectos culturais, econômicos, energéticos como a energia eólica em terra ou off shore, e ainda na produção de alimentos e sustentabilidade. As decisões tomadas são no sentido de conectar os oceanos com a vida estudantil, mostrar o pertencimento e a importância de ações conjuntas de universidades, empresas, comunidades, órgãos governamentais e sociedade civil organizada.
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou a relevância da UFPA da capital e seus campi em cidades do interior, que zelam pelo maior sistema de mangues contínuos do Brasil, que mais absorvem carbono da atmosfera, e cujos estudos acabaram por introduzir o período de defeso do caranguejo, respeitado em todas as regiões de mangue, de Vizeu até Soure, no Marajó.
O Reitor aposta no projeto educacional, na formação de professores, e na participação de famílias ribeirinhas e oceânicas para serem parceiros na preservação dos manguesais, das matas ciliares e das espécies marinhas.
Texto: Pedro Medina/Imagens: Aryanne Almeida