OBRA REFERÊNCIA EM CULTURA GRÁFICA RIBEIRINHA REÚNE 20 ANOS DE PESQUISA. O LANÇAMENTO SERÁ DIA 31 DE OUTUBRO.
Há um século, as margens dos rios da Amazônia guardam uma escrita que não cabe em papel. São nomes e ornamentos pintados à mão nos cascos dos barcos — criados por mestres ribeirinhos. Em 2025, ano do centenário desta tradição, o livro Letras que Flutuam, principal publicação sobre o tema, ganha edição especial e comemorativa.
No dia 31 de outubro, às 19h, a CAIXA Cultural Belém (Porto Futuro) recebe o lançamento da obra. A programação tem bate-papo com a autora e mestres abridores, sessão de autógrafos e a estreia do show “Seu Monteiro e os Rios”, um espetáculo inédito, criado especialmente para celebrar o centenário. A entrada é gratuita e aberta ao público.
“O livro não é apenas sobre técnica, é memória viva. Muitos dos mestres que entrevistamos já faleceram, alguns durante a pandemia. Essa obra garante que suas vozes, seus saberes e sua arte não desapareçam”, diz a autora Fernanda Martins.
VOZES QUE NAVEGAM
O livro reúne 20 anos de pesquisa e visitas a campo que, entre 2012 e 2019, percorreram Abaetetuba, Barcarena, Igarapé-Miri, Curralinho, Breves, Soure, Salvaterra e São Sebastião da Boa Vista, registrando modos de fazer as letras, histórias de vida e a estética que se espalha pelos rios amazônicos.
“O livro é construído a partir das histórias e do saber dos mestres abridores — homens e mulheres que mantêm viva essa tradição às margens dos rios”, diz Fernanda Martins.
Publicada em 2021, a primeira edição foi finalista do Prêmio Jabuti 2022 nas categorias Artes, Capa e Projeto Gráfico — reconhecimento que ampliou a circulação e o alcance da obra.
“Nossa intenção foi traduzir visualmente a riqueza da letra amazônica e da cultura amazônica. Queríamos um livro colorido, quente e vivo, como um barco navegando em meio à floresta”, afirma Fernanda.
SHOW INÉDITO
A programação inclui a estreia de “Seu Monteiro e os Rios”, projeto criado para o lançamento. No palco, Seu Monteiro (guitarra e voz), Panzera (baixo) e Gustavo Paz (bateria) exploram guitarrada amazônica, carimbó e matrizes afro-indígenas, com experimentações e passagens instrumentais. O repertório parte da beira — marés, encontros de águas, escuta ribeirinha — e dialoga diretamente com o universo visual do livro.

DOS RIOS À SALA DE AULA
Criado em 2024, o Instituto Letras que Flutuam é o primeiro do Brasil dedicado à cultura gráfica ribeirinha. O Instituto já mapeou mais de 130 abridores, promovendo oficinas, capacitações, geração de renda, publicações e filmes.
A edição especial conta com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, e parceria do Governo do Pará, Secult e Seduc. Serão 2 mil exemplares, com 200 destinados às escolas públicas do Pará, além de um circuito de bate-papos e oficinas para os alunos da rede estadual coordenado pelo Instituto.
“Levar esse debate às escolas públicas é inaugurar a conversa sobre a importância da nossa própria cultura nos espaços de ensino, fortalecendo o trabalho dos professores e a autoestima dos estudantes”, reforça a autora.
Em um ano em que Belém sedia a COP30, Letras que Flutuam recoloca a cultura gráfica ribeirinha no centro da pauta de futuro. “É uma salvaguarda. Mantém viva uma tradição secular que representa a identidade visual da Amazônia e a criatividade do seu povo — uma contribuição para a cultura, a história e a memória coletiva”, conclui Fernanda.

Serviço
Lançamento do livro Letras que Flutuam
Quando: 31 de outubro de 2025 (sexta-feira), 19h
Onde: CAIXA Cultural Belém — Porto Futuro
Entrada: gratuitaImagem: Divulgação










