domingo, março 9, 2025
Desde 1876

Mulheres marcham em Brasília contra o feminicídio e por políticas públicas

Mulheres e homens de cerca de 30 movimentos sociais, entidades e partidos políticos de esquerda do Distrito Federal marcharam, ontem, sábado, 08, Dia Internacional da Mulher, pedindo por políticas públicas que atendam as mulheres, em suas diversas necessidades, e, principalmente, um combate efetivo à violência contra a mulher e o feminicídio. O ato 8M Unificadas DF e Entorno ocorreu na área central de Brasília em celebração ao Dia Internacional da Mulher.

Para Rita Andrade, do Levante Feminista Contra o Feminicídio, é um dia de celebrar as conquistas, fortalecer os movimentos de mulheres e lembrar que “tem muita estrada pela frente”.

“A gente diz que, acima de tudo, é uma marcha pela vida de todas as mulheres, contra o machismo, o racismo e o fascismo, sem anistia. Esse é o mote deste ano”, disse.

Ana Paula Cusinato, militante da Marcha Mundial de Mulheres, reafirmou a necessidade de políticas públicas fortes, do combate à violência e lembrou que a luta feminista também é dos homens.

“O feminismo que a gente defende, que é o feminismo da classe trabalhadora, ele precisa ser abraçado também pelos homens que nos apoiam. Porque uma sociedade igual, com a igualdade entre homens e mulheres, ela será boa para todas as pessoas”, destacou.

A estudante Luiza Eineck, do movimento Pão e Rosas, pediu por políticas para as mulheres trabalhadoras, que, para ela, são as que mais sofrem com a precarização do trabalho, as jornadas duplas e triplas e a exploração.

O movimento defende o fim da escala de seis dias de trabalho por um de folga (escala 6×1) e a redução da jornada de trabalho para 30 horas sem redução salarial.

“A grande questão é como essa geração [de mulheres] pode aprender com o passado para lutar por um futuro sem opressão e sem exploração e se fundir aos trabalhadores, porque eu acho que esse que é o caminho pra gente poder lutar”, disse Eineck, lembrando que o 8 de Março foi criado pelas mulheres socialistas que lutaram por direitos básico como o voto.

“Estamos colocando a necessidade de um movimento de mulheres que independente do governo e que a gente faça uma oposição de esquerda ao governo. O arcabouço fiscal renova o teto de gastos [política implementada no governo de Michel Temer] e limita os gastos com saúde, educação, assistência social. E quem são os mais oprimidos e vulneráveis que mais precisam do serviço público de qualidade? A gente sabe que são as mulheres trabalhadoras, as mulheres negras”, argumentou.

Andrea Medrado, da Frente Parlamentar pela Educação Inclusiva, levou para a marcha as reivindicações de mães atípicas, mães de pessoas com deficiência.

“Muitas de nós precisam sair do mercado de trabalho para poder cuidar do filho de forma integral. A gente também luta pela economia de cuidados, por esse olhar para as mães atípicas. Muitas de nós não têm um meio de ser remunerado, porque o cuidado não é visto como um trabalho. Então, nós estamos aqui para dizer que as mães atípicas existem, elas resistem”, disse.

Ela é mãe de uma criança com Pitt Hopkins (doença neurogenética que gera atraso no desenvolvimento e ausência de fala) e destacou que a luta é por direitos humanos como um todo.

“Existem várias intersecções. Quando você é mãe de uma criança com deficiência, ao seu filho é negado vários direitos. É negado o acesso à educação, à saúde, é negado o acesso ao mercado de trabalho, todos os direitos básicos e fundamentais do ser humano é negado a essas pessoas”, lembrou.

FEMINICÍDIOS

Também presente no evento, a coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Adalgiza Aguiar, falou sobre a importância de escutar os movimentos e cobrar do poder público que as políticas públicas sejam cumpridas. Segundo ela, o controle do Ministério Público precisa ser feito em parceria com o controle social dos coletivos e da sociedade civil.

“Nós articulamos as políticas públicas, fomentamos, fiscalizamos as políticas públicas para que os poderes executivos e sistema de justiça façam valer os direitos das mulheres”, afirmou, lembrando que é essencial, ainda, combater a violência e garantir a segurança das mulheres.

Segundo ela, os ministérios públicos em todos os estados atuam de forma conjunta no enfrentamento à violência contra a mulher, para “tentar eliminar essas taxas, infelizmente, ainda altas de feminicídio”. Mas, para Adalgiza, esse combate deve ser feito com educação.

“O feminicídio, infelizmente, a gente precisa trabalhar da raiz. Então, a gente precisa sempre pensar na educação, educando sobre os direitos das mulheres, sobre a igualdade entre homens e mulheres. Então precisamos ir nas escolas, universidades, fazer campanhas de conscientização, porque educação é fundamental para acabar com essa discriminação e essa violência tão alta contra as mulheres”, acrescentou.

O ato contou com diversas atividades culturais e música. Thamy Frisselli, uma das organizadoras do evento, ressaltou que é preciso lutar “com muita alegria, sim”. “A gente está em luta e, mesmo em luta, nós estamos sorrindo, nós estamos felizes porque é assim que queremos, nos queremos vivas em busca de políticas públicas que nos atendam”, disse.

Fonte: Agência Brasil/Imagem: José Cruz

artigos relacionados

PERMANEÇA CONECTADO

49,108FansLike
3,669FollowersFollow
22,200SubscribersSubscribe
- PUBLICIDADE-
MIX

Mais recentes

×