sábado, novembro 22, 2025
Desde 1876

Vai prestar direito na USP? Conheça a história da São Francisco

Textos raros do professor Almeida Nogueira, reunidos em novo volume, recuperam episódios, personagens e práticas da faculdade no século 19

Tatiana Cavalcanti, colaboração para a CNN Brasil

A publicação de um conjunto de crônicas raras do político José Luís de Almeida Nogueira amplia o acervo de documentos sobre a história da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), no largo São Francisco, no centro de São Paulo.

Nogueira (1851-1914), formado pela própria instituição e professor de economia política, publicou entre 1907 e 1912 nove volumes memorialistas sobre as Arcadas.

As obras reúnem informações sobre o início das atividades da faculdade, turmas ingressantes e formandos, perfis de docentes e estudantes, além de relatos de práticas acadêmicas e rotinas da São Paulo do século 19.

Parte desse material não havia sido incluída nas reedições posteriores, de 1953-1955 e 1977.

Os textos foram localizados pelo professor Ariel Engel Pesso enquanto preparava sua tese de doutorado, durante a pandemia de Covid-19, e integram agora um novo volume editado pela Migalhas.

“A Academia de São Paulo: Tradições e Reminiscências, Estudantes, Estudantões, Estudantadas” apresenta textos organizados cronologicamente por Pesso.

As crônicas mencionam integrantes de diversas turmas do século 19, entre eles nomes que ocupariam cargos de destaque na política brasileira, como Prudente de Morais, Campos Sales, Afonso Pena e Rodrigues Alves.

Os relatos registram episódios do cotidiano da faculdade e de seus estudantes, descrevem disputas internas e apontam relações entre o ambiente acadêmico e a cidade.

Briga de cachorro grande

Um dos trechos recupera a eleição de 1870 para o comando do jornal estudantil “Imprensa Acadêmica”, disputada por Rodrigues Alves e Afonso Pena. O empate levou ambos ao cargo de redator-chefe, e o periódico passou a concentrar-se em textos jurídicos, sociológicos e literários.

As crônicas também tratam de reuniões informais e práticas recorrentes entre docentes e alunos. Em um dos relatos, Nogueira narra encontros semanais mantidos por três figuras da vida pública paulista — Crispiniano Soares, Barão de Ramalho e Manuel José Chaves — dedicados a jogos que preservavam vínculos da juventude.

No posfácio da obra, a professora Heloisa Barbuy, do Museu da Faculdade de Direito, afirma que os registros de Nogueira se tornaram referência para pesquisas sobre a instituição, por reunir informações fornecidas por diferentes gerações de egressos.

“O autor foi responsável por sistematizar uma memória que, até então, aparecia dispersa em documentos variados.”

O volume tem 240 páginas e é vendido a R$ 120 no site da Migalhas.

 Wikimedia Commons

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