A alfabetização é a base para a educação e, quando se fala em ensinar a ler e escrever, alfabetizar é o primeiro passo para o exercício da cidadania, conhecimento e direitos. Por isso, por meio de políticas públicas e com olhar sensível à educação, o Governo do Pará tem fortalecido ações que garantem ensino de qualidade desde a primeira infância. E, no Dia Nacional da Alfabetização, celebrado nesta quinta-feira (14), o Estado comemora os resultados dos investimentos que reforçam o compromisso e a prioridade em garantir que as crianças paraenses sejam alfabetizadas na idade certa.
Este ano, o Pará mais que dobrou o número de crianças leitoras. No início de 2023, apenas 21% dos estudantes que cursavam o 2° ano do Ensino Fundamental em escolas da rede pública estadual e municipal conseguiam ler fluentemente. Após um ano do Programa Alfabetiza Pará, coordenado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o número já chegou a 47%.
“A alfabetização é uma das maiores prioridades do Governo do Estado, e da Seduc. Embora os anos iniciais sejam de responsabilidade direta dos municípios, esses mesmos estudantes eventualmente chegarão na rede estadual. Não podemos fazer distinção de redes quando se trata em apoiar nossas crianças”, afirmou Rossieli Soares, secretário de Estado de Educação do Pará.
O titular da Seduc observa que “o Alfabetiza Pará é o Estado atuando em conjunto com as prefeituras para que todas os nossos estudantes tenham as ferramentas necessárias e oportunidade para aprenderem a ler e escrever na idade certa. Sem a alfabetização até os 8 anos, nossos estudantes não conseguem avançar nos componentes e temáticas curriculares, consequentemente aumentando a evasão, o abandono escolar e a distorção idade-série. Temos muito pela frente mas nesse 1 ano e meio de programa já avançamos consideravelmente, sendo um dos poucos estados a conseguir superar os índices se comparado ao ano de 2019. Nesse dia Nacional da Alfabetização comemoramos nossos resultados, a atuação das equipes das redes estadual e municipais, e a certeza de que nossas crianças podem sonhar e conquistar”.
Além dos investimentos em construções e reconstruções de escolas, de creches e programas de valorização de estudantes e professores, o Estado fortalece a educação com iniciativas como o Programa Alfabetiza Pará, que, em regime de colaboração, auxilia os municípios paraenses no desenvolvimento dos estudantes dos anos iniciais durante o período de alfabetização. Como parte das ações, o programa já realizou avaliação de fluência leitora e escrita nos municípios que aderiram à iniciativa e distribui continuamente material didático para as redes municipais que já aderiram ao programa no estado, além de oferecer formação contínua e realizar avaliações periódicas.
Alfabetiza Pará prima pelas habilidades como base para a trajetória escolar do aluno
Para a diretora de Educação Infantil e Ensino Fundamental e coordenadora do Alfabetiza Pará, Carla Reis, o programa tem papel fundamental na busca por resultados significativos na alfabetização de crianças na idade certa. “O nosso objetivo com a implementação dos eixos do Alfabetiza Pará não se resume ao domínio das habilidades de leitura e escrita previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas, sobretudo, em garantir que essas habilidades neste ponto inicial da trajetória escolar solidifique todo o aprendizado escolar dos anos seguintes, em todas as áreas de conhecimento. Com olhar no futuro de nossos estudantes paraenses, em regime de colaboração com os municípios, estamos combatendo possíveis defasagens na aprendizagem, distorções idade-série, perda de interesse pela escola, evasão e reforço de desigualdades e exclusões educacionais e socioeconômicas”, destacou.
Em junho de 2024, o Governo Federal divulgou o relatório técnico da primeira avaliação censitária de alfabetização no evento do programa “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”. O censo apontava que em menos de seis meses o Pará cumpriu a meta de alfabetização de 2024. Dos 37% estabelecidos pelo MEC, considerando dados do Sistema Paraense de Avaliação Educacional (SisPAE), o Pará alcançou 48%. Ainda segundo o mesmo relatório, o Pará está entre os 6 Estados que mais evoluíram positivamente seus índices de alfabetização com relação a 2019, período anterior à pandemia da Covid-19.
Na próxima semana, nos dias 18 e 19 de novembro, a Seduc aplicará uma nova edição do SisPAE para consolidar os dados e resultados do ano letivo de 2024. Para os próximos anos, o Estado espera resultados ainda mais positivos, com o programa em constante desenvolvimento e apoio técnico direcionado para as escolas que mais precisam. Com o Alfabetiza Pará, o Pará tem se consolidado como referência em alfabetização na idade certa e prova de que a colaboração e o monitoramento consistente podem transformar a educação pública.
Avaliação de Fluência Leitora – Como parte das ações, o programa Alfabetiza Pará realiza a avaliação de fluência leitora e escrita nos municípios que já aderiram à iniciativa e distribui continuamente material didático às redes municipais que fazem parte do programa no Estado. No ano passado, foram distribuídos 829 mil materiais didáticos para estudantes e docentes do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental 1, sendo 788 mil materiais para os alunos e 41 mil para os docentes.
Alfabetização na prática – Nas escolas da rede estadual, o comprometimento com a alfabetização na idade certa é prioridade. Dirigentes, diretores e professores reforçam o compromisso com a educação com iniciativas inovadores e que fortalecem o ensino-aprendizagem dos estudantes de Ensino Fundamental (anos iniciais).
Entre os projetos que se destacaram pelos resultados, estão: a “Varanda da Leitura”, da Escola Estadual de Tempo Integral Antônio Bezerra Falcão, em Ananindeua. Por lá, os estudantes são incentivados a desenvolver o hábito de ler em um espaço pensado para envolver os estudantes no universo dos livros. “Aqui, nós somos um laboratório do grande projeto do Estado que é o ‘Alfabetiza Pará’, por isso a gente volta muita coisa para o processo alfabético da criança. É por isso que nós tivemos o maior cuidado em criar a nossa varanda da leitura”, disse a vice-diretora Pedagógica, Simone Leal.
Ainda segundo ela, é muito importante estabelecer um ambiente propício para o desenvolvimento do Programa Alfabetiza Para dentro das escolas. “A Escola Estadual Antônio Bezerra Falcão participa do programa Alfabetiza Pará. As professoras dos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental todo mês têm formação para poder melhor desenvolver o processo alfabético em sala. Em sala é utilizado o material da coleção Veredas, que faz parte do programa. Nós temos aqui a sala de aula como um ambiente alfabetizador, que é aquela sala de aula colorida, lúdica com painéis, letras do alfabeto, com painéis que envolvem palavras, textos, sílabas, para que a todo momento o aluno esteja em contato com o mundo letrado. Isso facilita muito o desenvolvimento do aluno também”, frisou Simone.
Outra iniciativa inovadora é o “Redário da Leitura”, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bento XV, localizada no bairro do Guamá, em Belém, que além do incentivo à leitura, trabalha a alfabetização e estimula a socialização dos estudantes com uso de redes.
Para a estudante Brena Martins, do 5º ano do Ensino Fundamental, o espaço estimula o aprendizado e a imaginação. “Eu adorei esse espaço que incentiva as crianças a ler e se entreter no mundo da imaginação, no mundo dos livros e se sentir como os personagens, como protagonistas do livro. Eu adoro ler e me interesso muito pelo mundo da leitura, dá para usar bastante esse espaço com as redes porque dá para sentar, ler deitado, se embalar, se concentrar e relaxar”, comentou.
Outro projeto que trabalha de forma contínua a alfabetização, é o “Para Gostar de Ler”, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora das Graças, também no bairro do Guamá. A unidade escolar foi destaque no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2023, ao alcançar 7,6 pontos nos Anos Iniciais e ficar em primeiro lugar no ranking das escolas estaduais paraenses. “O ‘Para Gostar de Ler’ é um projeto maravilhoso em que as crianças desenvolvem a leitura, a escrita e a criatividade. Nele, nós entregamos o livro de história na segunda-feira e na sexta-feira as crianças vêm com uma bagagem de conhecimento sobre o livro e temos visto bons resultados. Aqui nós trabalhamos muito também a teoria e a prática, trazendo as crianças para dentro da escola, trazendo material e aí sim a gente vai desenvolvendo a leitura e a escrita. É uma prática muito boa que nós temos aqui na escola”, explicou a professora do 1º ano do Ensino Fundamental, Nívia Betânia.
Campanha Bora Alfabetizar – Em maio deste ano, a Seduc iniciou a campanha “Bora Alfabetizar” para intensificar as ações e discussões no âmbito escolar a respeito do processo de alfabetização, buscando somar esforços para garantir o direito de aprender das crianças, nas turmas de 1º e 2º ano do Ensino Fundamental. Com foco na apropriação inicial do sistema de escrita alfabética, a iniciativa iniciou com o fornecimento de um manual de orientações para acompanhamento e intervenções da aprendizagem de alfabetização inicial.
“Na campanha ‘Bora Alfabetizar’ a gente orientou todas as escolas da nossa rede a ter um foco específico em alfabetização. Porque a gente entendeu que não adianta avançar em outras competências, em outras habilidades, enquanto a alfabetização não é consolidada entre os alunos. Fizemos lives, explicamos para nossa rede como se daria esse foco na alfabetização, criamos rotinas pedagógicas focadas na alfabetização e acompanhamos por meio de sondagens periódicas e observamos o avanço dos estudantes mês a mês com um foco bem grande da nossa rede em alfabetização. Essa campanha foi disponibilizada para as redes municipais também então tivemos um grupo de municípios que também aderiu a campanha e também decidiu focar alguns meses do ano de 2024 especificamente em alfabetização e a gente entende que isso vai trazer bons resultados para a gente”, ressaltou Gabriela Bonfim, coordenadora do Alfabetiza Pará na Seduc.
Além disso, a Seduc fortalece o desenvolvimento da alfabetização ao garantir qualificação aos professores formadores de todo o Estado. As formações que ocorrem durante todo o ano proporcionam novos conhecimentos teóricos e práticos necessários para desenvolver o trabalho em sala de aula. O que é fundamental para os educadores, como afirma o formador municipal do Alfabetiza Pará em Santa Cruz do Arari, na ilha do Marajó. “A formação é um ganho para todo o Estado, em especial para os municípios do Marajó, porque nós conseguimos fazer com que a educação chegue lá com qualidade. Nós estamos conseguindo levar esse trabalho até os profissionais, porque o mais importante da Formação do Alfabetiza Pará é que acontece de professor para professor e, através dessa formação, nós conseguimos metodologias, atividades diferentes que melhoram a qualidade da alfabetização do nosso Estado e o nosso objetivo é alfabetizar esse aluno na idade certa”, disse o professor Genival Martins.
De acordo com a coordenadora do Programa Alfabetiza Pará, Gabriela Bonfim, em 2025 a Seduc vai continuar atuando em ações que compõem os eixos estruturantes do programa Alfabetiza Pará, como avaliação, formação e materiais. “Pensando nas avaliações, nós vamos continuar aplicando avaliação de fluência leitora, avaliação de língua portuguesa para identificar ali o percentual de alunos alfabetizados na nossa rede e nos municípios. A avaliação de fluência leitora a gente aplica tanto no começo do ano, quanto no final do ano para termos um diagnóstico de como os alunos estão entrando e saber para onde a gente tem que direcionar mais os nossos esforços. E aí a gente entra no nosso segundo eixo, que é o eixo de formação, então de posse dos resultados da avaliação do ano de 2024 e da avaliação diagnóstica de 2025. Além disso, pensando agora nos materiais, a gente vai ter novos materiais sendo entregues para estudantes e professores do 1º e 2º ano do Fundamental em 2025. São materiais que estão em fase final de elaboração, de autoria de autores paraenses que foram aqui selecionados para reescrever os materiais, mas trazendo toda a cultura paraense para dentro dos cadernos. É muito importante no processo de desenvolvimento do estudante ele se conectar com o que está aprendendo”, finalizou.
Texto de Fernanda Cavalcante / Ascom Seduc
Fonte: Agência Pará/Foto: Divulgação