segunda-feira, outubro 6, 2025
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Vestígios reforçam presença de indígenas isolados em terra protegida da Amazônia

Na imensa floresta amazônica, no Pará, uma área do tamanho da cidade de São Paulo guarda vestígios importantes que indicam a existência de povos indígenas isolados, ou seja, grupos que vivem sem contato com a sociedade. Esses vestígios, como um casco de tartaruga caçada à mão e uma vasilha de cerâmica, foram encontrados há cerca de três anos na terra indígena Ituna/Itatá  uma região protegida por lei, mas que sofre ameaças constantes de desmatamento e garimpo ilegal.

Apesar de protegida por uma portaria federal desde 2011, que restringe o acesso à área para evitar a destruição da floresta e proteger os indígenas, Ituna/Itatá ainda precisa de uma demarcação definitiva. Organizações indígenas pedem ao governo mais expedições para encontrar novos vestígios e comprovar a presença desses povos, fortalecendo a proteção da região.

Na terra vizinha, Koatinemo, cerca de 300 indígenas Asurini vivem em casas feitas de madeira e palha. Eles já relataram encontros com esses grupos isolados, que caminham pela floresta ao redor de Ituna/Itatá. Um idoso Asurini contou ter visto um rapazinho, do tamanho de um pé de banana, observando-o atentamente  um sinal claro de que esses povos vivem perto, porém sem contato direto.

O isolamento desses grupos não é por acaso: segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), esse distanciamento voluntário é uma resposta histórica à violência, doenças e exploração sofridas no passado. O Brasil reconhece 114 registros de indígenas isolados na Amazônia, mas apenas uma parte tem comprovação oficial. Muitas vezes, o próprio Estado não faz um acompanhamento sistemático dessas populações, apesar das evidências, como as encontradas em Ituna/Itatá.

Para os indígenas da região, porém, a existência desses grupos é clara e sentida no cotidiano nos sons da floresta, nas presenças percebidas, até nos cheiros. Eles defendem que essa conexão é tão importante quanto qualquer registro oficial.

O desmatamento e o garimpo ilegal são ameaças reais e presentes. Em Ituna/Itatá, a devastação chegou a níveis preocupantes, especialmente entre 2019 e 2022, quando a portaria de proteção foi suspensa. Mesmo com a proteção retomada, ainda é possível ver áreas destruídas durante sobrevoos na região.

Lideranças indígenas e ativistas pedem que o governo avance rapidamente na demarcação definitiva da terra indígena. Para eles, proteger a floresta é também proteger os povos que a mantêm viva  um alerta essencial às vésperas da COP30, conferência do clima da ONU que será realizada em Belém, no Pará.

“Não basta olhar para a floresta. É preciso olhar para as pessoas que vivem nela, os povos indígenas, pois é por meio deles que a floresta ainda está de pé”, reforça Toya Manchineri, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Imagem: Reprodução/ FABAL/AFP

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