A preparação do Brasil para sediar a COP30, em novembro de 2025, em Belém (PA), está indo além da infraestrutura e da diplomacia. Por meio da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Governo Federal está promovendo uma grande mobilização para garantir a participação efetiva de jovens nos debates climáticos.
Até agosto, jovens de todas as regiões do país estão sendo escolhidos em plenárias realizadas nos seis biomas brasileiros Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Dois representantes de cada bioma serão eleitos para levar suas propostas diretamente à COP30.
Vozes jovens em defesa do planeta
A iniciativa é liderada pela SNJ, com apoio do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), do UNICEF e da ativista Marcele Oliveira, atual Jovem Campeã do Clima da COP30. A proposta é clara: formar, ouvir e mobilizar jovens, especialmente os que vivem em territórios vulneráveis, para que possam construir soluções locais e representar suas comunidades no evento climático mais importante do mundo.
“Essa é uma resposta à antiga demanda da juventude por mais espaço nas decisões sobre o clima. A COP precisa ser vista como um processo de transformação, e não apenas como um evento”, destaca o secretário nacional de Juventude, Ronald Sorriso.
Biomas como cenário e pauta
Durante as plenárias, os jovens discutem os impactos das mudanças climáticas em seus territórios, trocam experiências e propõem soluções. Além disso, visitam áreas de preservação e constroem um diálogo intergeracional com foco na diversidade cultural e ambiental brasileira.
O diretor de Articulação da SNJ, Guilherme Barbosa, destaca que a juventude dos territórios mais afetados pelas mudanças climáticas já vive esses efeitos no cotidiano. “É por isso que eles precisam participar das decisões globais”, afirma.
Primeiros jovens eleitos já foram anunciados
As duas primeiras plenárias foram realizadas em julho:
Cerrado (Luziânia – GO):
Daniel Ildefonso, 19, estudante da UNB
Lorena Mathyê, 16, secundarista e integrante de grêmio estudantil
Pampa (Pelotas – RS):
Paula Hann, 21, estudante de Relações Internacionais
Victor Salama, 17, jovem de matriz africana e ex-mantenedor do território Casa da Árvore
Próximas plenárias por bioma
Caatinga: 28 e 29 de julho – Caruaru (PE)
Mata Atlântica: 4 e 5 de agosto – Belo Horizonte (MG)
Pantanal: 7 e 8 de agosto – Campo Grande (MS)
Amazônia: 19 e 20 de agosto – Macapá (AP)
Ao final da seleção, 12 jovens irão representar o Brasil na COP30, contribuindo com o Global Youth Statement e levando suas vivências, propostas e visões para o cenário internacional.
Representatividade que transforma
Durante a pré-COP, realizada na Alemanha em junho, líderes juvenis de vários países exigiram mais espaço nas negociações climáticas e acesso a financiamento. No Brasil, ações como essa buscam consolidar um novo modelo de participação juvenil.
A ativista Marcele Oliveira, de 26 anos, é um exemplo dessa nova geração. Ela começou denunciando o racismo ambiental em sua comunidade e hoje articula juventudes do mundo inteiro. “As plenárias de biomas são espaços de formação, escuta e fortalecimento das juventudes que já enfrentam os desastres climáticos todos os dias”, afirma.
Imagem: Volmer Perez