O café brasileiro voltou ao centro das atenções na videoconferência desta segunda-feira (6/10) entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Durante a conversa, Trump afirmou que os Estados Unidos estão “sentindo falta” de produtos brasileiros afetados pela tarifa de 50% aplicada pelo seu governo, citando especificamente o café.
O imposto vem elevando o preço da bebida nos EUA, que registrou a maior alta mensal em 14 anos em agosto, chegando a 3,6% em um único mês. No acumulado de 12 meses, o café subiu 20,9%, bem acima da inflação média do período (2,9%). A medida atinge diretamente os americanos, já que o país é o maior consumidor e importador mundial da bebida, e o Brasil fornece cerca de um terço de todo o café consumido nos EUA.
A tarifa teve forte impacto nas exportações brasileiras em setembro. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as vendas de café para os EUA caíram quase 50% em quantidade e 31,5% em valor, totalizando US$ 113,8 milhões. Já as compras do Brasil vindas dos EUA aumentaram 14,3%, elevando o déficit da balança comercial brasileira para US$ 1,77 bilhão.
Na videoconferência, Lula pediu a retirada das tarifas e de medidas restritivas contra autoridades brasileiras. Segundo o Palácio do Planalto, a conversa durou 30 minutos e ocorreu “em tom amistoso”, com ambos os presidentes concordando em se encontrar pessoalmente em breve, possivelmente na COP30, em Belém, ou em outros encontros internacionais.
Trump comentou com bom humor que a interação com Lula foi um dos pontos positivos da Assembleia da ONU e declarou em rede social que teve “uma ótima conversa” com o presidente brasileiro. O foco, segundo ele, foi economia e comércio, com o compromisso de novas discussões entre os dois países.
Participaram da reunião, pelo lado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Comunicação) e o assessor especial Celso Amorim.
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