Após um episódio de tensão na noite de anteontem, terça-feira, 11, quando manifestantes – entre eles grupos indígenas – forçaram a entrada na Zona Azul, área sob jurisdição da Organização das Nações Unidas, a Conferência do Clima – COP30, retomou suas atividades com normalidade ontem, quarta-feira, 12, em Belém. O reforço na segurança garantiu tranquilidade e permitiu um grande fluxo de visitantes nos pavilhões e espaços de debate. Para hoje estão previstas discussões sobre questões sociais, mas o tema central do evento, que é o financiamento da agenda climática, contando com assuntos como a diminuição da emissão de gases poluentes ainda não entrou na pauta de debates que ocorrem em vários pontos da Zona Azul e aos quais vários segmentos da imprensa não têm acesso.

Do lado de fora, indígenas seguem utilizando a área externa da entrada principal para expor e comercializar artesanato, alimentos e outros produtos regionais, promovendo a cultura e a economia local, conforma mostrou a reportagem do Jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ no dia de ontem.
DESTAQUES
Entre os destaques do terceiro dia do evento, esteve o lançamento do Pavilhão de Cidades e Regiões, voltado à ação climática em múltiplos níveis e à urbanização sustentável. Durante o anúncio, o governo federal apresentou o edital de concessão da Floresta Nacional de Bom Futuro, em Rondônia — a primeira concessão florestal federal com foco na restauração de áreas degradadas. Os concessionários poderão comercializar créditos de carbono e produtos de silvicultura de espécies nativas, marcando um novo modelo de economia florestal.
Outro momento importante foi a apresentação de um projeto inédito de restauração florestal na Amazônia, resultado de uma parceria público-privada (PPP) entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o governo brasileiro. Com investimento inicial de US$ 15 milhões, o projeto será implementado em Altamira (PA), na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu — uma das mais afetadas pelo desmatamento ilegal. O anúncio contou com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Em entrevista, Mercadante destacou o papel estratégico da restauração florestal na captura de carbono, proteção da biodiversidade e recuperação de solos. Segundo ele, o Fundo Amazônia já financiou 14 projetos de reflorestamento e manejo de espécies nativas, totalizando R$ 1,9 bilhão em crédito e mobilizando R$ 5,7 bilhões em investimentos privados. O presidente do BNDES também lembrou que o banco investiu R$ 1,5 bilhão em obras de saneamento em Belém, em preparação para sediar a COP30.

RECURSO BILIONÁRIO
A ministra Simone Tebet reforçou a importância do compromisso do BID em garantir US$ 1 bilhão para a restauração florestal amazônica, destacando que o aporte “melhora o acesso ao crédito e estimula a participação do setor privado em projetos sustentáveis”.
No campo industrial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para o lançamento do Programa Prioritário de Interesse Nacional em Bioinformática (PPI BioinfoBR). A iniciativa busca fortalecer a bioeconomia e fomentar a inovação sustentável em todo o país. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, representou a CNI e destacou o papel do projeto na descentralização dos polos de pesquisa, hoje concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A ministra Luciana Santos (MCTI) ressaltou que “ciência e tecnologia são fundamentais para enfrentar as mudanças climáticas” e que a transição energética brasileira deve ocorrer sem desmatamento na Amazônia.
Programação desta quinta-feira, 13: saúde, cultura e negociações climáticas
O quarto dia da COP30 será marcado por agendas intensas e diversificadas:
- Dia da Saúde – O Brasil, com apoio de outros países, lançará um plano de ação global com estratégias para enfrentar os impactos das mudanças climáticas na saúde pública.
- Dia da Cultura – A ministra Margareth Menezes participa do evento “Cultura Viva, Floresta Viva”, que ocorre no Pavilhão Iberoamérica Viva (Green Zone), com debates sobre economia criativa e sociobiodiversidade.
- Negociações oficiais – A presidência da COP continua as discussões sobre metas de adaptação climática, consideradas uma das pautas mais sensíveis desta edição.
- Eventos estaduais – O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, participa do painel “MS na Agrizone”, espaço da Embrapa dedicado ao agronegócio sustentável.
- Sociedade civil e ONGs – A Transparência Internacional promove debates sobre o Acordo de Escazú, crimes ambientais e corrupção na agenda climática.
- Atividades culturais – A programação artística continua com o Festival de Ópera no Theatro da Paz e apresentações gratuitas em espaços públicos.
- Debates paralelos – Nos pavilhões Brasil e Green Zone, painéis autogestionados discutem biodiversidade, saberes tradicionais e políticas estaduais de clima.
As atividades da COP30 seguem diariamente das 8h à meia-noite, com visitação gratuita em alguns espaços abertos ao público, como a Vila COP30 e o Parque Urbano Belém Porto Futuro I.
Da Redação do Jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ/Imagem: Nazaré Sarmento, Roberto Barbosa e Reginaldo Ramo









