Com tema inspirado no livro de Ailton Krenak, a mostra reúne obras assinadas por associados da AP
Aberta no Hall do Complexo de Eventos da sede campestre da Assembléia Paraense, a 4º edição do Salão de Arte Sócio AP reúne obras de cinco sócios do clube, selecionadas por meio de edital interno. A exposição tem como tema “Fábulas antes do fim”,inspirado no livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, do ativista e ambientalista indígena, Ailton Krenak.
“O salão nos convida a olhar para o mundo com mais sensibilidade e a pensar no nosso jeito de viver no planeta. Krenak lembra que precisamos recuperar a imaginação, enxergar beleza no cotidiano e entender que somos parte de uma grande rede de vida.”, destaca o diretor artístico-cultural da AP, Thiago Lima.
É com esse espírito que os artistas Nazaré de Mello, Camila Lima, Cecília Eleres, Michele Ferri e Cláudio Guilhon expõem, com criatividade, visão e talento, uma arte que dialoga com o presente. “As obras mostram diversidade, sensibilidade e, ao mesmo tempo, trazem reflexões sobre temas urgentes, especialmente as questões ambientais.”, ressalta o diretor.
Empresária, artista plástica e escritora, Nazaré de Mello participa pela segunda vez doSalão de Arte Sócio AP. Nesta quarta edição, apresenta três obras com temática amazônica: “A fábula do Rio Amarelo”, “A Vitória-Régia está sob águas fabulosas” e “A Raiz da Samaumeira e a fábula da vida”, todas inseridas no contexto do meio ambiente.

Com diversas participações em eventos de artes plásticas, Nazaré define o tema do salão como inovador e desafiador e acredita que o evento é um diferencial do clube, pois estimula a produção e sensibilidade dos sócios por meio da arte. “Espero que as próximas diretorias mantenham e reconheçam a relevância do Salão.”, ressalta.
A cirurgiã-dentista e pesquisadora,Camila Lima,42 anos, participa com as obras “Riquezas da Amazônia”, “Vitória-Régia”, “Samaúma”e “Guarás”. Ela explica que as telas apresentam a Amazônia como um território vivo e sagrado.
“Cada pintura evidencia elementos essenciais do ecossistema: a força ancestral da samaúma, a geometria da vitória-régia, o equilíbrio dos manguezais e a diversidade cultural, expressa em símbolos, fauna e grafismos. Procuro revelar a interdependência entre natureza e cultura, reforçando a importância da preservação e do cuidado com a floresta e suas vidas.”, detalha.
Camila acredita que a escolha do tema foi significativa por ser o ano em que Belém recebeu a COP30. “O clube reconhece que a discussão ambiental não é apenas política ou técnica, é também cultural. É uma oportunidade histórica de unir arte, ambiente e consciência, valorizando os olhares locais em um momento em que o mundo finalmente escuta.”
A artista plástica Michele Ferri, 51 anos, também apresenta três obras no Salão, intituladas “Onde as Fábulas Fazem a Última Pausa”, “O Refúgio das Fábulas Esquecidas” e “Quando o Conto Encontra a Luz”. Conta que as obras foram inspiradas na “esperança em um futuro possível, como abrigo, fragilidade da vida, urgência de cuidado e um chamado emocional para a proteção ambiental”.
Michele ressalta que, diante de um tema tão desafiador, vivenciou momentos de muito aprendizado. “Foi maravilhoso poder estudar e viajar em cada pincelada. Cada tela tem seu encanto e esse encanto nos leva muito além do que muitos possam imaginar.”, destaca. A artista acredita que o Salão de Arte Sócio AP é de extrema importância, pois fomenta a aproximação por meio da arte.
“ Durante a noite da abertura da exposição, por vezes, fiquei imaginando alguns deles sentados, com seus pincéis, produzindo suas obras. Nessas horas, nossos pensamentos estão longe, estão num lugar que só nós sabemos. Nossos olhares não são os mesmos, enxergam tantas coisas. E estar simplesmente criando a obra é incrível!”.
Aos 85 anos, Cecília Eleres mostra seu trabalho artístico pela primeira vez em uma exposição. Ela apresenta três obras denominadas “Flor de Mãe”. Diz que a temática ambiental sempre esteve presente na arte que desenvolve.
“Minhas artes são feitas com as flores e plantas extratos do meu jardim, que fica às margens do Rio Tucunduba, cuja nascente é preservada em minha residência. Eu faço minhas artes de forma artesanal, colhendo, prensando e desidratando manualmente.”, explica.
Conta que desenvolveu essa técnica sozinha e de forma artesanal, deixando-se levar pela intuição. “Faço minhas obras desde o ano 2000. Suspendi por um período por questões pessoais, e retornei por um desafio do meu psicólogo, à época, e não parando mais desde então.”. Sobre o Salão, Cecília o chama de fantástico e acredita ser uma excelente oportunidade para os sócios. “Que seja dada continuidade à exposição para que mais pessoas possam expressar em suas obras os sentimentos mais internos.”
A exposição ainda brinda o público com duas belas pinturas em aquarela, criadas pelo médico Cláudio Guilhon, intituladas “O último conto do sábio” e “A última leitura”.
O diretor Thiago Lima ressalta que a exposição se apresenta em um momento ímpar para o Estado do Pará, quando se discutiu caminhos para mitigar os danos ao meio ambiente. “Não poderia vir em melhor hora. O Pará sediou a COP30, um dos maiores encontros do mundo sobre clima e sustentabilidade, assim, o salão acaba ganhando um papel ainda mais simbólico nesse importante momento para celebrar o talento de seus sócios.”, finaliza.
Serviço: O 4° Salão de Arte Sócio AP fica aberto para visitação de sócios e convidados até o dia 28 de dezembro, no Hall do Complexo de Eventos da sede campestre da Assembléia Paraense (Av. Almirante Barroso, 4614), de segunda a sábado, das 9h às 18h, e aos domingos, das 10h às 16h.










