segunda-feira, agosto 18, 2025
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Agosto Amarelo: os tabus que ainda existem sobre amamentação

Em pleno século XXI, as mulheres ainda enfrentam os tabus, principalmente no ato de amamentar. O Agosto Dourado celebra os benefícios do leite materno, mas pouco se fala sobre o peso que muitas mulheres carregam por não conseguir dar de mamar aos seus filhotes. Dor, culpa, medo, pressão estética e tantos outros sentimentos se misturam. Em muitos casos, o simples ato de amamentar se transforma em um problema. Em casos mais graves, pode contribuir para quadros de ansiedade e depressão pós-parto, somando-se ao desgaste físico e emocional do puerpério.

A dona de casa Graça Maria dos Santos Silva sentiu isso na pele. Ela tinha 39 anos quando sua filha nasceu, em outubro de 2012. Sem orientação adequada e sem uma rede de apoio, enfrentou sozinha os desafios da amamentação. A dor física se somava à angústia emocional de não conseguir oferecer o que acreditava ser o melhor para sua filha: o leite materno. A cada mamada, o peito voltava a ferir. A cada tentativa, a esperança se misturava ao medo e à dor física e emocional. O impacto foi tão profundo que Graça decidiu não ter outro filho. O trauma da amamentação deixou marcas que ultrapassam o físico.

“Meu leite virava pedra dentro do peito e isso dificultava a amamentação. Feria e, por conta desse ferimento, eu tive dificuldade de amamentar até os nove meses. Mesmo com dor e com o seio machucado, eu ainda tentava amamentar, mas não aguentei.  Resolvi não dar mais o peito para minha filha porque não aguentava mais”, desabafou Graça.  

A psicóloga Vanessa Feitoza Silva, coordenadora do Núcleo de Experiência Discente da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Marabá, alerta para os impactos da pressão social sobre a saúde mental materna. “A amamentação se tornou o ideal de boa maternidade. E isso leva muitas mulheres a acreditarem que só são boas mães se conseguirem amamentar”, explica. Quando esse ideal não se concretiza, surgem sentimentos de inadequação, culpa e frustração — muitas vezes intensificados por dificuldades como dor, baixa produção de leite, retorno precoce ao trabalho ou ansiedade.

A rede de apoio é fundamental para uma amamentação saudável e sem culpas

No Agosto Dourado, mês dedicado à promoção do aleitamento materno, é hora de ampliar o debate. Mais do que um ato de amor, a amamentação também pode ser um momento de desafios, inseguranças e até sofrimento para muitas mães. É aí que entra a rede de apoio — formada por familiares, amigos e profissionais — como peça fundamental para que essa experiência seja mais leve e respeitosa.

Essa rede precisa ir além das orientações técnicas: deve validar as decisões da mãe, escutar com empatia e oferecer suporte prático para que ela possa descansar e se recuperar. “A rede de apoio é super importante, tanto para a parte psicológica da mulher, oferecendo acalento, empatia e fortalecendo os laços, quanto para a parte física, diminuindo o cansaço da mãe na rotina diária com o bebê. Isso ajuda a superar dificuldades na amamentação e reduz o risco de desmame precoce”, explica a pediatra Mirella de Souza Gonçalves Cardoso, professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Bragança.

Projetos como o Hospital Amigo da Criança, Bancos de Leite e o Mãe Canguru estão entre as iniciativas que ajudam mães a enfrentar as adversidades desse período. Mas, para a ginecologista Eliana Gomes, professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Bragança, o amor e o respeito às escolhas da mulher devem sempre vir em primeiro lugar. “Amamentar é, acima de tudo, ter responsabilidade com a saúde física e emocional da criança. Esse apoio precisa estar presente nos serviços públicos e privados. Amamentar vai além de fortalecer o vínculo mãe e filho: é a oportunidade de formar adultos mais seguros e com menos riscos de ansiedade e depressão”, afirma.

O Agosto Dourado precisa também dar voz às mães que sofrem, que se culpam e que se calam. A amamentação não pode ser uma imposição. Precisa ser uma escolha informada, respeitada e, acima de tudo, apoiada.

Criar conexões afetivas ajuda a tornar a amamentação mais leve e segura

O ato de amamentar vai além de alimentar o bebê, é importante para criar um vínculo afetivo poderoso entre mãe e filho. Natasha Carepa Roffé, pediatra e professora do curso de pós-graduação em Pediatria da Afya Educação Médica Belém, reforça que cada experiência é única. Para tornar esse processo mais leve, a especialista destaca cinco orientações fundamentais:

1.      Crie um ambiente calmo e seguro — Um espaço tranquilo ajuda tanto a mãe quanto o bebê a relaxarem e aproveitarem o momento.

2.      Olhe nos olhos do seu bebê — Esse simples gesto fortalece o vínculo e transmite segurança.

3.      Evite pressão e comparações — Cada dupla mãe e filho tem seu próprio ritmo e suas próprias necessidades.

4.      Aceite ajuda — Profissionais e redes de apoio podem ser grandes aliados para aliviar o cansaço e resolver dúvidas.

5.      Não se cobre perfeição — A conexão afetiva vai muito além da amamentação exclusiva. O importante é que ela aconteça de forma amorosa e respeitosa.

MAIS SOBRE A AFYA

A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do Pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em http://www.afya.com.br  e ir.afya.com.br

Imagem: Divulgação

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