Nanossatélites desenvolvidos pela Universidade Federal do Maranhão, vinculada ao MEC, serão lançados em Alcântara nesta sexta (19)
Tatiana Cavalcanti, colaboração para a CNN Brasil
Mensagens produzidas por cerca de 300 crianças da rede pública do Maranhão serão enviadas ao espaço na Operação Spaceward 2025, que estava prevista para sexta (19), mas foi adiada mais uma vez.
As cartas de alunos de Alcântara estão a bordo do nanossatélite Pion BR2 Cientistas de Alcântara, um dos dois desenvolvidos pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão), vinculada ao MEC (Ministério da Educação).
Após alguns adiamentos, o foguete sul-coreano Hanbit-Nano finalmente decola do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), marcando o primeiro voo comercial de um veículo espacial a partir do território brasileiro.
De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), a iniciativa busca aproximar as comunidades quilombolas de Alcântara das atividades espaciais, transformando moradores e estudantes em protagonistas de uma missão inédita para o país.
Desenvolvido pela UFMA em parceria com a Agência Espacial Brasileira, o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a startup Pion, o foguete levará as mensagens dos estudantes ao espaço, tal como uma metáfora da tradicional “garrafa ao mar”.
Além do caráter simbólico e educacional da ação, a universidade fará testes de módulos e sistemas nacionais de comunicação, energia, painéis solares e computador de bordo, com a intenção de contribuir para o fortalecimento da indústria espacial brasileira e de criar um ambiente que reproduza um laboratório real de aprendizado.
O vice-coordenador do projeto e professor da UFMA, Alex Oliveira Barradas Filho, considera essa uma missão relevante, pois, em suas palavras, demonstra como ciência, cultura e educação podem caminhar juntas, conectando tecnologias estratégicas às comunidades tradicionais.
“Ver jovens de Alcântara participando diretamente da integração do satélite é um marco histórico e reforça o protagonismo local neste momento único para o país”, disse à FAB.
Tecnologia nacional
O Jussara-K, o outro CubeSat desenvolvido no Labesee (Laboratório de Eletrônica e Sistemas Embarcados Espaciais) da UFMA, reúne diversas tecnologias nacionais. Sua missão principal é coletar dados ambientais para identificar focos de queimadas e testar um módulo de inteligência artificial em ambiente espacial.
Ambos os satélites foram projetados e integrados por estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores do laboratório, com apoio da Agência Espacial Brasileira e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Para Eduardo Bezerra, coordenador do SpaceLab da Universidade Federal de Santa Catarina, participar dessa missão representa um marco histórico.
“Do ponto de vista tecnológico, demonstra a capacidade do país de desenvolver e testar soluções inovadoras no espaço. Do ponto de vista institucional e educacional, é um orgulho ver o trabalho de estudantes integrando uma missão pioneira que reforça o protagonismo do Brasil no cenário espacial.”
A proximidade geográfica com o principal centro de lançamento do país fortalece projetos e vivências práticas dos estudantes da UFMA, segundo Carlos Brito, professor e coordenador do projeto pela universidade.
“É um desafio pelo alto nível de complexidade envolvida na integração de vários sistemas, além de ser uma oportunidade de estar em um evento histórico para o Programa Espacial Brasileiro. É uma grande honra e um orgulho para os pesquisadores, alunos e toda comunidade envolvida”, disse ele à FAB.









