A instituição da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Portaria GM/MS nº 3.681, de 7 de maio de 2024, busca fortalecer os serviços ofertados nos centros de alta complexidade em oncologia, hospitais gerais e especializados do País. Atualmente, essa assistência está concentrada nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, por isso a iniciativa do Ministério da Saúde (MS), do governo federal, busca qualificar e ampliar o acesso a esse cuidado para as regiões Norte e Nordeste.
O Estado do Pará é pioneiro na criação do primeiro Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) da região Norte, vinculado ao Centro de Alta Complexidade em Oncologia – Hospital Ophir Loyola, em Belém, e entregue pelo governo do Estado em abril deste ano. Com 31 leitos, o serviço presta assistência geral, especializada e integral àqueles com câncer avançado e em progressão. São pacientes que não mais se beneficiam do tratamento com proposta curativa e, em alguns casos, necessitam de internação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a demanda global por cuidados para pessoas com doenças terminais deve continuar a crescer, como consequência do envelhecimento da população e do aumento dos casos de doenças não transmissíveis. Somente no Brasil, mais de 600 mil pessoas necessitam de cuidados paliativos, segundo levantamento do MS. Esse tipo de assistência especializada deve ser ofertada para aliviar a dor e outros sintomas de pessoas acometidas por doenças que limitam ou ameaçam a vida.
Suporte – O CCPO do “Ophir Loyola” oferta assistência multidisciplinar e interdisciplinar para garantir dignidade e qualidade de vida ao paciente e seus familiares, por meio do controle dos sintomas no âmbito biopsicossocial (fatores biológicos, psicológicos e sociais), estendendo-se até o luto. Além do suporte médico, o cuidado emocional, psicossocial e espiritual faz a diferença neste momento de vulnerabilidade, de acordo com Cláudia Farias, mãe e acompanhante da paciente Adriene Cavalero, 29 anos, diagnosticada com câncer de intestino em estágio avançado em dezembro de 2023.
“Já passamos por cirurgia, quimioterapia, internações, e perceber que a minha filha tem toda a assistência que ela merece me traz muito conforto. Há quase um mês no Centro, sinto que temos anjos da guarda aqui, médicos atenciosos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais, todos empenhados para que ela tenha qualidade de vida. Recebemos, diariamente, o carinho deles. É claro que ninguém queria estar aqui, mas Deus está suprindo, através dessa estrutura e dos profissionais, as nossas necessidades nesse momento difícil”, diz Cláudia Farias.
Apoio à família – A médica Ana Carolina Gonçalves, coordenadora do Serviço de Cuidados Paliativos Oncológicos do HOL, explica que os cuidados paliativos alcançam o paciente e familiares desde a confirmação do diagnóstico de uma doença ameaçadora à vida até a fase final. “O nosso perfil de atendimento envolve pacientes que já não têm mais essa proposta de tratamento oncológico, não vão mais fazer tratamento modificador de doença, como quimioterapia ou cirurgias, e nós acolhemos esse paciente para dar continuidade no acompanhamento dele, com o apoio de uma equipe completa pronta para abraçar as famílias”, assegura.
A psicóloga Roberta Santos, que integra a equipe do CCPO, ressalta a importância do cuidado emocional ao paciente e aos familiares. “Nosso primeiro passo é sempre o acolhimento, conhecer essa família e o contexto em que está inserida. Os nossos pacientes sempre são o amor de alguém, o esteio, um pai, uma mãe, uma filha, uma pessoa que tem uma função no sistema familiar e social que vive. Orientamos para que haja compreensão sobre o que é o cuidado paliativo e a nossa dedicação, para garantir qualidade de vida e conforto. Trabalhamos o olhar para a situação, a ressignificação da vida”, conta.
A paciente Odete Silva, 56 anos, moradora de Rondon do Pará, no sudeste paraense, trata há anos, no HOL, um câncer no fígado, e desde a abertura do Centro está internada em tratamento paliativo. “Fui muito bem recebida aqui, e posso dizer que somos uma família, porque recebemos o carinho de todos os profissionais como se realmente fôssemos da mesma família. Construir este Centro foi uma iniciativa valiosa do Governo, porque, realmente, faz a diferença na nossa energia. Cada profissional que entra aqui traz um novo astral e renova o nosso ânimo”, afirma.
Visitas – O coordenador do Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos, João de Deus, destaca o papel da assistência humanizada, inclusive com a possibilidade de visitas domiciliares, para minimizar os desafios associados ao cuidado de um ente querido que passa por uma enfermidade complexa.
“O Centro também atua com Serviço de Atendimento Domiciliar, que atualmente conta com 30 pacientes atendidos, além dos nossos 31 leitos de internação. De forma humanizada, duas vezes por semana, os pacientes cadastrados conosco recebem visitas da nossa equipe multiprofissional para os cuidados. É uma realização para mim, com mais de 40 anos de trabalho no Hospital, desenvolver essa missão”, garante o coordenador.
CENTRO DE CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS
1 – Atendimento ambulatorial: recebe os pacientes provenientes do ambulatório de outras clínicas, setores de internação e Unidade de Atendimento Imediato (UAI). Horário de atendimento: segunda-feira, 8h; terça-feira, 14h; quarta-feira, 13h, e quinta-feira, 8h.
Serviços ofertados
● Planejamento do Plano Terapêutico, emissão de laudo médico e encaminhamento para o Programa Melhor em Casa, quando o paciente não tem condições de chegar ao hospital e reside fora do alcance da visita domiciliar;
● Emissão de receita médica com liberação das medicações para controle dos sintomas, incluindo opióides, pela farmácia ambulatorial, e
● Encaminhamento para teleatendimento (LILA) para todos os pacientes em cuidados paliativos.
2 – Serviço de Assistência Domiciliar: ofertado aos pacientes que residem em Belém.
Serviços ofertados
● Visita em domicílio, de acordo com o mapa de abrangência;
● Renovação ou alteração de receita médica;
● Avaliação de lesões oncológicas e não oncológicas;
● Previsão de material para curativos;
● Troca de dispositivos;
● Atendimento psicossocial;
● Atendimento em fisioterapia, fonoaudiologia e serviço social. As visitas são realizadas de segunda à sexta-feira, pela manhã, por uma equipe multidisciplinar, e
● Visita de luto.
3 – Estrutura: O Centro dispõe de área de internação com características de unidade de terapia semi-intensiva, leitos de isolamento e acesso direto às ambulâncias. Há sala de espera, consultórios, sala de ultrassonografia, laboratórios de citologia e imunologia, farmácia, recepção, rouparia, almoxarifado, serviços de fisioterapia, nutrição e dietética, e Centro de Material e Esterilização (CME).
4 – Internação hospitalar: prestada aos pacientes do ambulatório em visita domiciliar ou assistidos pela Unidade de Atendimento Imediato (UAI) ou das enfermarias de outras clínicas, com estabelecimento de plano terapêutico e de cuidados.
Serviços ofertados
● Cuidados de fim de vida;
● Necessidade de procedimentos invasivos;
● Urgências oncológicas;
● Controle de sintomas agudizados no domicílio, e
● Gerenciamento dos problemas sociais e psicológicos (suporte emocional para o paciente e familiar).
5 – Equipe de Transição para Cuidados Paliativos: assistência é prestada pela médica e enfermeira da equipe do CCPO, por meio de interconsultas solicitadas por médico assistente ou busca ativa, com visitas regulares nas clínicas.]
Serviços ofertados
● Definição de prognóstico, e
● Estabelecimento da modalidade de assistência necessária à continuidade de cuidados e Transição para Cuidados Paliativos de forma precoce.
6 – Teleatendimento: o paciente é cadastrado na plataforma LILA pelo médico do CCPO. Esse atendimento visa estabelecer um canal de comunicação direta entre paciente/familiar e equipe médica do Centro, onde os pacientes poderão informar sobre sintomas desconfortáveis ou intercorrências clínicas. O serviço funciona como um suporte para o ambulatório e assistência domiciliar.
Serviços ofertados
● Ajuste de medicações, e
● Programação de consultas e visitas domiciliares, e orientações de cuidados. O paciente pode mandar mensagem, via aplicativo LILA, para a equipe médica, a qualquer dia e horário. As mensagens serão respondidas de segunda a sexta-feira, pela manhã e à tarde.
7 – São assistidos no Centro pacientes do HOL portadores de câncer progressivo e incurável.
8 – Como ser atendido? Paciente tem que ser cadastrado no HOL e encaminhado pelo médico assistente indicando os cuidados paliativos
Serviço: Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos – Rua dos Mundurucus, nº 1014, bairro do Jurunas, em Belém.
Contatos: SAD: (91) 32656753 / 988868128
Centro de Cuidados Paliativos (CCPO): (91) 32656715 / 32656519
Teleatendimento LILA :(91) 986057012
Fonte: Agência Pará/Foto: Raphael Luz/Ag Pará