As homenagens ao artista popular Mestre Damasceno, um dos grandes nomes da cultura amazônica, marcaram a programação de ontem, sábado, 16, na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém. Às 17h30, o tradicional cortejo do Búfalo-Bumbá, uma de suas maiores criações, percorreu os corredores do espaço encantando crianças, jovens e adultos.
Inspirado no boi-bumbá, o Búfalo-Bumbá traz para a cena artística o búfalo, símbolo do Marajó, e outros personagens da vida marajoara, como vaqueiros e ladrões de gado. Entre eles está Procópio, vaqueiro respeitado dos campos, interpretado há três anos pelo professor de história Isam Melo, vizinho e admirador do mestre desde a infância.
“Para mim o sentimento é de satisfação absoluta, primeiro porque sou marajoara e neto de um grande vaqueiro. Através do Mestre Damasceno, a gente traz essa tradição para o mundo”, afirmou.
Isam destacou ainda que a experiência no cortejo lhe permitiu realizar um sonho de criança.
“Sempre quis ser vaqueiro, inspirado no meu avô. Acabei seguindo pela educação, mas no cortejo realizei de certa forma esse sonho, interpretando Procópio e vivendo esse papel tão valorizado”, completou.
MEMÓRIA E REGISTRO AUDIOVISUAL
Após o cortejo, a Arena Multivozes recebeu a exibição do documentário “Mestre Damasceno: a trajetória de um afromarajoara”, dirigido pelo produtor cultural Guto Nunes, que acompanha a obra do artista há duas décadas.
“Esse documentário tem cerca de 90% de memórias e arquivos que coletamos ao longo do tempo. Foi um trabalho de garimpagem para atualizar a trajetória dele. Só foi possível graças à Lei Paulo Gustavo, via Secretaria de Estado de Cultura do Pará”, explicou o diretor.
A produção reúne depoimentos de mestres da cultura popular, artistas como Chico César, conterrâneos de Damasceno e registros marcantes, como a entrega da Ordem do Mérito Cultural (OMC), maior honraria concedida pelo Ministério da Cultura, recebida por ele em maio deste ano.
Encerrando a programação, um bate-papo com Guto Nunes e Agenor Sarraf trouxe reflexões sobre arte, resistência e a transmissão dos saberes tradicionais para as novas gerações.
Fonte e imagens: Agência Pará de Notícias
