O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recuperou seus direitos políticos e tornou-se elegível, devido à decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular, nesta terça-feira (29), todas as condenações do ex-juiz Sergio Moro contra ele. O ato do magistrado reinseriu o petista – que havia sido condenado a mais de 23 anos de prisão por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro – no rol de figuras políticas com a ficha limpa, abrindo caminho para que ele alcance sua ambição de disputar as eleições de 2026.
Em nota, a defesa de Dirceu afirmou ter recebido com “tranquilidade” a decisão de Mendes e que seu cliente sempre “confiou na Justiça”.
– A decisão, que restitui seus direitos políticos, entende que os processos contra Dirceu tinham por objetivo real atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que demonstra a quebra de parcialidade das ações. A anulação atende ao pedido da defesa do ex-ministro, que solicitou a extensão da decisão da Segunda Turma do Supremo que considerou parciais as decisões da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro nos casos que envolvem o presidente Lula. José Dirceu sempre confiou na Justiça – diz o comunicado, divulgado pela Folha de S.Paulo.
Questionado nesta terça pelo colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, se confirma sua pretensão de ingressar no pleito, o ex-ministro se limitou a dizer: “veremos no final de 2025”. Segundo aliados informaram ao jornalista, o ex-ministro pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por meio do estado de São Paulo, que possui o maior número de vagas na Casa Legislativa.
As fontes internas do PT disseram não enxergar problemas na candidatura de Dirceu em 2026, pois, embora ele tenha tido a reputação manchada pelos escândalos de corrupção, ele ainda mantém grande influência no partido. Tais fontes não veem com bons olhos, contudo, que o ex-ministro participe do atual governo Lula (PT).
Vale lembrar que, em entrevista recente ao Gazeta do Povo, Dirceu afirmou considerar que merece retornar à Câmara por uma “questão de justiça”. Sua proposta seria ajudar a esquerda a conter o avanço da direita no Legislativo.
– Deixo para 2025 a decisão sobre concorrer ou não, depois de conversar com a direção do partido e com o presidente Lula. Como venho dizendo, creio que mereço voltar para Câmara até por uma questão de justiça, mas é claro que são os eleitores de São Paulo que devem decidir isso – assinalou.
“LAVA DIRCEU”
Segundo observou o ex-magistrado e atual senador Sergio Moro em janeiro deste ano, a operação “Lava Dirceu” está em curso. Após um período de ostracismo, o ex-ministro tem passado por uma espécie de gerenciamento de imagem e, aos poucos, tem retornado ao ambiente político.
Em março deste ano, ele retomou relações políticas com uma grande festa de aniversário com 400 convidados. O evento, para celebrar seus 78 anos, ocorreu em Brasília (DF), na casa de um amigo, o advogado Marcos Meira. Na ocasião, estiveram presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além de outros nove ministros do governo Lula, incluindo o titular da pasta da Economia, Fernando Haddad (PT).
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também esteve na celebração, assim como senadores e deputados. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, foram outros nomes que se fizeram presentes.
DECISÃO DE GILMAR MENDES
Gilmar Mendes decidiu anular, nesta segunda-feira (28), todos os atos processuais relacionados à Operação Lava Jato que foram determinados pelo ex-juiz Sergio Moro contra o ex-ministro José Dirceu. O magistrado atendeu a um pedido da defesa de Dirceu para estender ao ex-ministro os efeitos da decisão do STF que considerou Sergio Moro suspeito para atuar em processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o ministro do STF, Moro atuou contra Dirceu para chegar a Lula.
A decisão atinge diretamente os casos que fizeram Dirceu ser condenado a mais de 23 anos de prisão por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro em esquemas de corrupção na Petrobras. Com a determinação, as decisões de instâncias superiores que tenham confirmado essas condenações também são anuladas.
Fonte: Pleno News/ Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado