O Festival Psica alcançou, nesta semana, um dos mais importantes reconhecimentos de sua trajetória: a Câmara Municipal de Belém aprovou por unanimidade, anteontem, quarta-feira, 03, o projeto de lei que o declara como Patrimônio Cultural Imaterial do Município. A proposta, de autoria da vereadora Marinor Brito, segue agora para sanção do prefeito Igor Normando.
O reconhecimento ocorre em um momento simbólico para o festival, que em 2025 passa a atuar oficialmente como Instituto e inaugura sua primeira sede permanente, a Casa Dourada — espaço dedicado à formação, debates e iniciativas voltadas à cultura, sustentabilidade e economia criativa amazônica.
Para Marinor Brito, o Psica representa a potência cultural das periferias e das juventudes amazônicas. “O Psica nasce da feira, da periferia, da criatividade amazônica, que nunca precisou de aval do centro para existir. É fruto da juventude preta, indígena, periférica e LGBTQIAPN+, que transformou o improviso em política cultural de alcance internacional”, destacou. A parlamentar reforçou ainda o papel do festival no combate às desigualdades e na valorização das identidades locais.
Criado pelos irmãos paraenses Jeft Dias e Gerson Júnior, hoje considerados dois dos produtores culturais periféricos mais influentes do Brasil, o Psica surgiu de forma independente e se consolidou como o maior festival de música do Norte do país. Em 2023, os dois foram incluídos na PowerList 100, que reconhece lideranças negras de destaque no mundo lusófono. A trajetória começou na feira da Cidade Nova 4, em Ananindeua, onde ajudavam o pai na venda de CDs e DVDs.
“Aquele ambiente cheio de sons e cores nos levou por esse caminho”, lembra Jeft. “A feira foi nossa escola. Dela veio o entendimento de que a música periférica é potente e diversa”, completa Gerson.
Impacto social, econômico e ambiental
Em 2024, o Festival Psica reuniu mais de 100 mil pessoas em três noites de programação, conectando a Cidade Velha ao Estádio Mangueirão. O evento gerou cerca de 800 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos, movimentando setores como gastronomia, audiovisual, moda, design, comunicação e pequenos negócios periféricos. Somente as feiras internas registraram aproximadamente R$ 380 mil em faturamento.
Na área da inclusão, o festival liderou iniciativas inéditas no país, com a maior destinação de ingressos para pessoas trans em 2024: 1.078 entradas distribuídas. Ao todo, foram 280 atendimentos a pessoas com deficiência, 205 acompanhantes e a atuação de mais de 40 profissionais especializados em acessibilidade.
No eixo ambiental, o Psica recolheu 2.140 quilos de resíduos recicláveis, distribuiu mais de 3.600 bituqueiras e ampliou cardápios de baixa emissão de CO₂. A Casa Dourada passou a concentrar ações voltadas à sustentabilidade e à formação cultural.
“O Psica injeta recursos nas periferias, fortalece cadeias criativas e amplia oportunidades reais de renda”, afirmou Jeft Dias. Gerson Júnior também destacou a importância do reconhecimento institucional. “Agora, com o título de Patrimônio Cultural em tramitação e a consolidação do Instituto, a responsabilidade aumenta para seguir ampliando impacto, inclusão e sustentabilidade.”
PSICA 2025
Em 2025, o festival retorna com o tema “O Retorno da Dourada” e mais de 70 atrações confirmadas. Entre os nomes já anunciados estão Dona Onete, Martinho da Vila, Marina Sena, Jorge Aragão e artistas emergentes da Pan-Amazônia. O evento acontece nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, na Cidade Velha e no Estádio Mangueirão, em Belém.
Serviço
Festival Psica 2025 – “O Retorno da Dourada”
Local: Cidade Velha e Estádio Mangueirão – Belém (PA)
Data: 12, 13 e 14 de dezembro de 2025
Ingressos: passaportes a partir de R$ 125 (meia), disponíveis na plataforma Ingresse
Gratuidade: lista TransFree e pessoas com deficiência
Redes sociais: @festivalpsica
Site: festivalpsica.com.br
Patrocínio master: Petrobras, via Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet)
Da Redação do Jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ/Imagem: Divulgação











