quinta-feira, outubro 30, 2025
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Lewandowski e Castro anunciam escritório emergencial contra crime

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, anunciaram na quarta-feira (29) a criação de um escritório emergencial para enfrentar o crime organizado no Estado. O objetivo é melhorar a integração entre as esferas federal e estadual.

A coordenação será compartilhada entre o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e do secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.

“É um fórum onde as forças vão conversar entre si, tomar decisões rapidamente até que a crise seja superada. Este é o embrião daquilo que nós queremos criar com PEC da Segurança Pública que está sendo discutida no Congresso Nacional. Nós queremos fazer um entrosamento das forças federais, estaduais e até municipais no enfrentamento deste flagelo”, disse o ministro Lewandowski.

A ideia é que ações sejam “100% integradas” para vencer burocracias e respeitas competências de cada órgão, conforme o governador do Rio. 

“Tentar eliminar barreiras para que nós possamos de fato fazer uma segurança pública que atenda o nosso verdadeiro e único cliente, que é o cidadão”, disse o governador do Rio.

A medida ocorre depois da Operação Contenção nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 100 mortos. Aação é considerada a mais letal da história do país. Em retaliação, criminosos ligados ao Comando Vermelho interditaram ruas em diversos pontos da cidade, com veículos atravessados e barricadas.

Lewandowski disse que o governo federal vai aumentar do efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 50 agentes nas estradas e o efetivo de agentes de inteligência no estado. Também foram colocados à disposição peritos e vagas nos presídios federais, caso o governo estadual requisite.

O encontro no Palácio Guanabara, sede do poder estadual do Rio, aconteceu depois de o governador Cláudio Castro cobrar mais apoio do governo federal no enfrentamento às organizações criminosas que atuam no estado. Segundo Castro, o estado está atuando “sozinho nesta guerra”.

No mesmo dia, Lewandowski disse não ter recebido pedido de ajuda do governador para a operação. O ministro lembrou que, no começo do ano, o governador do Rio esteve no Ministério da Justiça e Segurança Pública e pediu a transferência de líderes das facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima, e foi atendido.

“NARCOTERRORISMO”

O governo do Rio tem usado, com frequência, a expressão “narcoterrorismo” para se referir ao crime organizado. Questionado sobre o termo, o ministro Lewandowski disse que ele não se aplica à realidade do Estado.

“Uma coisa é terrorismo, outra coisa são facções criminosas. O terrorismo envolve sempre uma questão ideológica. Uma atuação política, uma repressão social com atentados esporádicos. As facções criminosas são constituídas por grupos de pessoas que sistematicamente praticam crimes que estão capitulados no Código Penal. Portanto, é muito fácil identificar o que é uma facção criminosa pelo resultado de suas ações”, disse o ministro.

O ministro disse que a legislação estabelece com clareza as classificações para organização criminosa e grupos terroristas.

“São dois tipos de atuação que não se confundem e, da parte do governo federal, não temos nenhuma intenção de fazer uma mescla delas”, complementa.

GLO

Lewandowski e Castro descartaram a possibilidade de emprego das Forças Armadas para atuar na segurança do estado, por meio da decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

“Nós não nos manifestamos nesse sentido [a favor ou contra]. A GLO está prevista no artigo 142 da Constituição Federal. É uma operação excepcional, que depende de uma solicitação do governador, vamos falar aqui do governador ou da autoridade local que reconhece aí incapacidade das forças locais de debelarem uma situação de crise”, disse o ministro.

Castro também negou ter cogitado solicitar a medida.

“Isso [GLO] veio à tona somente porque eu falei da questão dos blindados, que nós em outras três ocasiões tínhamos requerido e nos foi negado porque haveria necessidade de uma GLO. A situação das forças de segurança do Rio de Janeiro hoje é completamente diferente da de 2018. Hoje nós temos uma força de segurança estadual capacitada”, afirmou o governador.

FUZIS VENEZUELANOS

O delegado Vinícius Domingos informou ontem que, após a megaoperação da polícia realizada na terça (28) no Morro do Alemão, foram apreendidos dezenas de fuzis. Entre eles, armas identificadas como pertencentes a forças armadas de outros países como Venezuela, Peru e Argentina.

A polícia recolheu fuzis de diferentes plataformas: 11 da família G3 (alemã), 16 de plataforma K47 (russa) e 13 de fabricação belga, além de outros fuzis de plataforma americana. Segundo o delegado, parte das armas aparenta ser falsificada.

“Mais de 90% dos fuzis de plataforma R são cop fake, são falsificados, com capacidade letal, mas sem padrão de qualidade das originais”, disse Vinícius Domingos.

Dois dos FAL apreendidos foram identificados como pertencentes às Forças Armadas Venezuelanas; outros dois têm marcas das Forças Armadas Brasileiras, um foi associado à Argentina e um G3 à Força Armada do Peru. Para o delegado, isso indica que muitas armas não vêm de roubo interno, mas entram por rotas terrestres vindas da fronteira da Amazônia e do Paraguai.

Os armamentos passarão por perícia inicial e, em seguida, por análise detalhada no CEFAI. Os laudos vão alimentar um banco de dados para ajudar investigações e inquéritos em delegacias especializadas.

“Essas análises permitirão identificar origem e avaliar a destinação”, explicou o delegado.

O delegado também afirmou que armas com condição técnica compatível poderão ser destinadas ao reforço das forças policiais, enquanto outras seguirão para procedimentos judiciais.

ROUPAS CAMUFLADAS

O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou, ontem, que será investigada possível fraude processual na remoção de corpos após a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão, que já tem 121 mortos e 113 presos. Segundo ele, há indícios de que os corpos foram manipulados antes da chegada das autoridades.

Mais de 60 corpos, de acordo com as autoridades, foram retirados por moradores da área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, e levados para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, durante a madrugada. Curi ressaltou que os mortos estavam vestidos com roupas camufladas, mas que, ao serem levados para a praça, apareceram “apenas de cueca ou short”.

“Esses indivíduos estavam na mata, equipados com roupas camufladas, coletes e armamentos. Agora, muitos deles surgem apenas de cueca ou short, sem qualquer equipamento, como se tivessem atravessado um portal e trocado de roupa. Temos imagens que mostram pessoas retirando esses criminosos da mata e os colocando em vias públicas, despindo-os. A 22ª Delegacia de Polícia instaurou um inquérito”, disse.

Imagens registradas por fotojornalistas já na própria Praça São Lucas, na manhã desta quarta, mostram que muitos corpos ainda estavam vestidos com roupas camufladas. O governador Cláudio Castro (PL) também se manifestou sobre o caso. Em vídeo publicado no Instagram, ele exibiu imagens de corpos com roupas camufladas sendo cortadas e afirmou que o crime estaria tentando manipular o ocorrido.

“É revoltante ver até onde o crime é capaz de ir para tentar enganar a população. Circulam vídeos mostrando claramente a manipulação de corpos depois dos confrontos: pessoas cortando roupas camufladas, tentando mudar a cena para culpar a polícia. Isso é mais uma prova da covardia e da perversidade de quem vive do narcoterrorismo”, escreveu.

Fonte e imagens: Agência Brasil e portal Pleno.News

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