O Ministério das Mulheres lança nessa terça-feira, 25, o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam 2025), documento produzido pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero que reúne 328 indicadores sobre a realidade das brasileiras nas áreas de demografia, trabalho, educação, saúde, violência, participação política e esporte. A publicação consolida dados coletados desde 2022 e se torna referência para o planejamento de políticas públicas. A ministra Cida Gonçalves destacou que o relatório amplia a base de indicadores — eram 270 em 2024 — e torna mais acessíveis informações dispersas em várias bases governamentais.
O Raseam mostra um país em transformação. As mulheres são maioria entre as pessoas responsáveis por domicílios (40,2 milhões), predominam entre a população com deficiência (57,7%) e, quando vivem em domicílios coletivos, estão sobretudo em instituições de longa permanência para idosos — reflexo da maior expectativa de vida feminina.
O relatório aponta a juventude da população indígena feminina, onde 28,9% têm até 14 anos, e destaca desigualdades persistentes para mulheres quilombolas e indígenas em áreas como educação e trabalho.
Desafios no mercado de trabalho
A desigualdade salarial permanece alta: em 2024, mulheres ganhavam, em média, 79,3% do salário dos homens em empresas com mais de 100 empregados. A disparidade é maior no Sul.
A presença feminina em políticas empresariais de incentivo ainda é baixa: só 35,3% das empresas têm ações específicas para contratação de mulheres, e apenas 5,5% possuem diretrizes para contratação de mulheres vítimas de violência.
Mulheres jovens (14 a 17 anos) continuam sendo as que mais procuram trabalho, e mulheres com deficiência enfrentam maiores barreiras de inserção e menor remuneração.
Educação: avanços e desigualdades
A taxa de alfabetização feminina é de 94,6%, mas cai drasticamente entre idosas da área rural. Mulheres indígenas (84,3%) e quilombolas (82,9%) têm índices ainda menores.
A frequência à creche segue aquém da meta do PNE, e a gravidez, o trabalho e o cuidado doméstico continuam sendo fatores que afastam meninas — sobretudo pretas e pardas — do Ensino Médio.
Na docência, mulheres são maioria na educação básica (79,5%), mas seguem sub-representadas no ensino superior.
Saúde e direitos reprodutivos
A razão de mortalidade materna foi de 50,9 por 100 mil nascidos vivos em 2023, ainda acima da meta brasileira para 2030.
Entre 2013 e 2023, mais de 232 mil meninas de até 14 anos tiveram filhos.
O país segue com alta taxa de cesáreas (59,6%).
O Programa de Dignidade Menstrual já alcançou mais de 2 milhões de mulheres, sendo 77% pretas ou pardas.
Violência contra mulheres
O relatório expõe dados alarmantes:
- 71,6% das agressões ocorrem dentro de casa;
- 76,6% dos agressores são homens;
- mulheres pretas e pardas representam 60,4% das vítimas.
Entre 2015 e 2024, houve 591 mil registros de estupro de mulheres.
Em 2024, o número de estupros caiu 1,44%, mas o país ainda registra em média 196 casos por dia.
Os feminicídios e homicídios de mulheres tiveram queda de 5% em 2024.
Participação política e sistema prisional
As mulheres tiveram desempenho eleitoral melhor em 2024: 30,6% das candidatas a prefeita foram eleitas, percentual superior ao de 2020.
Nas prisões, 49% das mulheres cumprem pena por crimes ligados a drogas, e 119 crianças viviam com suas mães encarceradas em 2024.
Fonte e imagem: Ministério das Mulheres








