quinta-feira, novembro 21, 2024
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Pão “fura” o intestino e causa inflamação? Entenda vídeo que viralizou.

É comum encontrar na internet influencers de saúde, nutrição e bem-estar propondo cortar o consumo de glúten para melhorar a qualidade de vida. Segundo esses discursos, a proteína, presente em cereais, seria responsável por respostas inflamatórias, inchaço e até por dificultar o emagrecimento.

Recentemente, um vídeo da influencer Isadora Nogueira disse tudo isso, e ainda trouxe uma imagem assustadora: por essa resposta inflamatória, o pãozinho francês que você come pode até estar “abrindo buracos” no seu intestino.

Mas, afinal, o que tem de verdade nessa história? Em primeiro lugar, é bom deixar claro: algumas pessoas, especialmente aquelas que têm doença celíaca, devem mesmo evitar totalmente o glúten. E ele pode provocar inflamações em quem tem intolerância. Mas, para quem não tem esses problemas, não há evidências científicas que justifiquem sua exclusão. E ele não faz “buracos” no intestino.

Claro, você pode optar por abrir mão do glúten mesmo sem indicação médica para isso, mas não faça esperando algum benefício extraordinário. Na verdade, pode até haver revezes, como um maior risco de certas doenças.

O QUE É O GLÚTEN

O glúten é uma proteína que pode ser encontrada em cereais como trigo, centeio e cevada, bem como nos produtos derivados dessas matérias-primas, tanto os feitos em casa quanto aqueles industrializados.

Como cereais com glúten costumam ser parte básica na produção de itens muito consumidos no dia a dia, como pães, massa e até cerveja, evitá-lo é uma tarefa difícil. Por isso, produtos industrializados trazem na embalagem uma indicação clara se contêm ou não glúten.

GLÚTEN DEVE SER EVITADO

A principal condição associada a um desconforto com o consumo de glúten é a doença celíaca. Diferente de uma intolerância alimentar comum, ela desencadeia uma resposta autoimune do organismo diante da ingestão de glúten.

Como resultado, anticorpos são produzidos e danificam a mucosa do intestino delgado, o que prejudica seu bom funcionamento. Daí, talvez, a imagem dos “buracos” (que, de todo modo, são uma agressão ao revestimento, não à parede intestinal em si).

Além de sintomas como dores de estômago, constipação ou diarreia, a doença celíaca também impacta na capacidade de absorver nutrientes, levando a deficiências nutricionais – que, se ocorrem na infância, podem afetar o desenvolvimento da criança.

DIETA RÍGIDA SEM GLÚTEN

Apesar de ser a mais famosa, a doença celíaca não é a única possibilidade de problema com a ingestão de glúten.

Algumas pessoas também podem apresentar algum tipo de alergia ou intolerância à proteína, incômodos que variam muito em cada indivíduo e podem ser de diagnóstico mais difícil – em geral, os testes se limitam a verificar se alguém é celíaco, e mesmo casos negativos podem ter algum tipo de intolerância.

É nessas situações que evitar o consumo do glúten pode efetivamente reduzir quadros inflamatórios, desconfortos estomacais e sensação de inchaço, por exemplo. Essa sensibilidade não-celíaca ao glúten ainda não tem suas origens bem compreendidas, mas o problema é mais prevalente em populações brancas e em mulheres.

No entanto, é bom reforçar: esses casos são raros. Mesmo para uma intolerância menos grave, a estimativa é que apenas 5 a 6% da população tenha algum problema – já celíacos não passam de 1%. Se você não tem histórico de problemas, não há evidências de que ela faça mal à saúde, ou de que haverá alguma vantagem em parar de comê-la.

Pelo contrário: como produtos com glúten costumam ser ricos em fibras e outros nutrientes, os nutricionistas desaconselham removê-los da dieta sem traçar um plano para garantir que você não empobreça seu prato.

Caso você suspenda o consumo de alimentos com glúten e sinta uma melhora na sua qualidade de vida, vale a pena procurar um profissional de saúde para buscar um diagnóstico. E, caso seja comprovado algum tipo de intolerância, definir uma nova rotina de alimentação que reponha os nutrientes que você pode estar deixando de ingerir.

Fonte e imagem: Saúde.Abril

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