O Pará se prepara para sediar um marco na participação indígena na história das conferências climáticas ao inaugurar a Aldeia COP, um espaço dedicado a acolher cerca de 3 mil representantes de povos indígenas durante a COP30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro em Belém. A iniciativa valoriza a presença ativa dessas comunidades nos debates globais sobre clima, territorialidade e justiça socioambiental.
A estrutura ocupará uma ampla área de 72.695 m² na Universidade Federal do Pará (UFPA), contando com salas, laboratórios, refeitório, quadras cobertas e áreas externas. Obras coordenadas pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) aprimoram o local para receber delegações com dignidade.
A ação é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), o MPI e a UFPA, com apoio da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), ampliando a representatividade e logística da chegada desses povos.
A secretária Puyr Tembé define a Aldeia COP como um marco histórico para os povos indígenas, permitindo que suas lideranças dialoguem diretamente nos fóruns climáticos, trazendo voz e conhecimento ancestral para as negociações.
Para a ministra Sonia Guajajara, o local terá a identidade indígena em evidência e será aberto à visitação de todos que desejem conhecer mais sobre as culturas originárias do Brasil e de outros países, consolidando a maior e mais significativa participação indígena em COPs até hoje.
Mais do que hospedagem: escuta e mobilização

A Aldeia COP é parte de uma estratégia mais ampla de inclusão. A Caravana dos Povos Indígenas Rumo à COP30 percorreu as oito etnorregiões do Pará promovendo rodas de diálogo, apresentações culturais e fortalecendo vínculos entre lideranças, juventudes e anciãos das aldeias.
Paralelamente, a COP 30 é vista como o momento de maior presença indígena até hoje — com expectativa de até 1.000 delegados indígenas credenciados na “Zona Azul” (área de negociação oficial da ONU) e milhares circulando na “Zona Verde” e na Cúpula dos Povos.
Um símbolo de resistência e representatividade
Com a Aldeia COP, o Pará não apenas garante infraestrutura, mas fortalece o protagonismo indígena como parte essencial das soluções climáticas globais. A iniciativa valoriza o conhecimento tradicional e demonstra que a presença indígena é vital para a defesa da Amazônia e do planeta.