Sabe aquela sensação de que o dia mal começou e já está acabando? Pois é, nesta quarta-feira (9), isso pode ser mais do que só impressão: há grandes chances de este ser um dos dias mais curtos já registrados no planeta.
Especialistas afirmam que este dia tem tudo para entrar para a história como um dos mais curtos já registrados no planeta tudo por causa da aceleração do movimento de rotação da Terra.
A Terra está girando mais rápido
O astrofísico Graham Jones, do site especializado Time and Date, explica que a Terra vem girando um pouco mais rápido desde 2020. O movimento de rotação, que faz o planeta dar uma volta em torno de si mesmo, tem se acelerado de forma sutil mas mensurável especialmente durante o verão no Hemisfério Norte (quando é inverno no Sul).
Essa mudança é medida em milissegundos ou seja, milésimos de segundo. Para comparação: uma piscada de olho leva em média 100 milissegundos, enquanto o bater de asas de uma abelha leva cerca de 5 milissegundos. Parece insignificante, mas para a ciência, isso é altamente relevante.
Em 5 de julho de 2024, por exemplo, foi registrado um dia com rotação concluída 1,66 milissegundo mais rápido que o tempo padrão de 24 horas (ou 86.400 segundos). Agora, em 2025, a expectativa é que o fenômeno se repita, especialmente nas seguintes datas:
9 de julho
22 de julho
5 de agosto
Nesses dias, a rotação da Terra pode ser antecipada em até 1,51 milissegundo.
E por que isso está acontecendo?
Apesar de já sabermos que o planeta está girando um pouco mais rápido, a ciência ainda não tem uma resposta definitiva para o motivo.
Várias hipóteses estão sendo consideradas. Entre elas:
Movimentos no núcleo da Terra
Mudanças nos oceanos e na atmosfera
Influência gravitacional da Lua e de outros corpos celestes
Segundo o pesquisador Leonid Zotov, especialista global nesse tema, modelos que analisam oceanos e atmosfera não explicam completamente o fenômeno. Para ele, o interior da Terra tem um papel fundamental nesse processo de aceleração.
Mesmo assim, Zotov acredita que essa tendência deve ser temporária e que, em alguns anos, a Terra pode voltar a girar mais devagar.
O que isso muda na nossa vida?
Apesar da curiosidade científica, a aceleração da rotação não interfere no nosso cotidiano. Não será necessário adiantar os relógios nem reorganizar a rotina. Mas em sistemas muito precisos, como GPS, satélites e outros equipamentos tecnológicos sensíveis, pode ser preciso realizar pequenos ajustes para manter tudo sincronizado com os novos tempos.
O tempo também é uma construção cultural
Enquanto a ciência investiga o fenômeno, especialistas lembram que a nossa percepção do tempo vai além da física.
A professora de matemática Hannah Fry, da Universidade de Cambridge, explica que o planeta já girou muito mais rápido no passado. Pesquisando corais antigos, cientistas descobriram que, há cerca de 430 milhões de anos, um ano terrestre tinha 420 dias ou seja, os dias eram bem mais curtos do que os atuais.
Já o filósofo Julian Baggini destaca que a experiência humana do tempo varia entre culturas e períodos históricos. “Vivemos o presente como outros animais, mas temos a noção de futuro e passado, de planejamento e memória. Isso molda profundamente nossa relação com o tempo”, afirmou em entrevista à BBC.
Uma rotação que desafia nossa visão do mundo
O mais curioso de tudo isso é pensar que a gira no espaço em um ritmo que não é tão constante quanto imaginamos. E essa rotação, que parece invisível no nosso dia a dia, pode nos ajudar a repensar o tempo de forma mais ampla: como ele é medido, sentido e vivido.
Por: Thays Garcia/ A Província do Pará
Com informações Agências Internacionais
Imagem: Reprodução


                                    






