domingo, outubro 5, 2025
Desde 1876

Seminário RUMOS debate tendências, consumo, captação de recursos e promoção do turismo no Pará

Evento abordou estratégias para impulsionar o setor turístico, com destaque para a gestão pública e as oportunidades para a COP30

Por Sâmia Maffra (SETUR)

O Seminário RUMOS – O Turismo Pós-COP30, promovido pela Secretaria de Estado de Turismo (Setur), reuniu especialistas e gestores no Hangar – Centro de Convenções & Feiras da Amazônia, em Belém, para traçar estratégias de fortalecimento do turismo no Pará. Com destaque para tendências, perfil de consumo, destinos e inteligência de dados nos dois primeiros dias, a programação contou com discussões sobre planejamento da gestão pública no turismo e promoção internacional do Estado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30). O evento, realizado nesta semana, reuniu gestores públicos, lideranças comunitárias, empresários, especialistas, estudantes e profissionais do trade turístico.

Marina Figueiredo falou sobre tendências de consumo e o novo perfil do turista
Marina Figueiredo falou sobre tendências de consumo e o novo perfil do turista

Na palestra de abertura “Tendências de consumo e o novo perfil do turista”, a presidente-executiva da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), Marina Figueiredo, abordou a evolução dos hábitos de viagem e o perfil do consumidor atual. Segundo ela, os viajantes do presente — e, sobretudo, do futuro — valorizam experiências genuínas, que expressem a identidade do lugar e promovam conexões com o cotidiano e a cultura local. “O turista quer vivência real com o território, com o dia a dia local, com a cultura que pulsa nas comunidades”, afirmou.

Marina Figueiredo também destacou o potencial do Pará para se posicionar em nichos estratégicos, como turismo gastronômico, de bem-estar e de luxo (entendido como exclusividade e personalização) e chamou atenção para a importância da inserção dos produtos amazônicos nos canais de comercialização turística. Ela ressaltou que destinos que conseguirem traduzir a autenticidade de seus pratos, festas, rituais e ambientes naturais em experiências memoráveis estarão um passo à frente. “Não basta ser incrível; é preciso estar na prateleira. Um destino precisa ser encontrado”, reforçou.

Identidade e propósito – O painel “Desenvolvimento de experiências turísticas com identidade amazônica” destacou o protagonismo de iniciativas que integram a cultura local, a economia criativa e o turismo de base comunitária. A mediadora Márcia Bastos, da Setur, apresentou os projetos Kayré Experiências, Casa da Luna e Ygara Artesanal, e enfatizou a importância de fortalecer cadeias produtivas locais e dar visibilidade a experiências que já existem. “As comunidades amazônicas já estão fazendo turismo”, disse a mediadora, acrescentando que “estamos falando de turismo como estratégia de resistência e de afirmação da nossa identidade amazônica”.

Edilene Figueiredo, da Kayré Experiências, explicou que a proposta do projeto é oferecer imersão no cotidiano da Ilha do Combu (pertencente a Belém), valorizando o protagonismo local e evitando a criação de personagens turísticos artificiais. “A experiência precisa ser conduzida por quem pertence ao território. É isso que garante autenticidade”, ressaltou. Os pilares da experiência Kayré incluem gastronomia, artesanato, manifestações culturais e práticas ambientais, todos realizados com participação ativa dos moradores locais.

Isabella Barbosa apresentou a Rota das Emoções
Isabella Barbosa apresentou a Rota das Emoções

Isabella Barbosa, superintendente de Promoção, Marketing e Eventos da Setur do Maranhão, compartilhou o case da Rota das Emoções, um roteiro turístico que integra três estados — Maranhão, Piauí e Ceará —, em um percurso de 900 quilômetros, com forte apelo de natureza, cultura e aventura. Segundo ela, o sucesso da Rota reside na governança entre os entes federativos e na capacidade de formatar produtos com consistência, identidade e apelo comercial. “A integração regional é fundamental para fortalecer o turismo como vetor de desenvolvimento”, garantiu. A executiva maranhense explicou que a Rota das Emoções é vendida nacional e internacionalmente, e serve como modelo para a formatação de novos roteiros no Brasil.

Autenticidade – O arquiteto e urbanista Caio Esteves propôs uma reflexão com a palestra “Turismo à Prova de Futuro: como identidade, hospitalidade e foresight estão redesenhando o ato de viajar”. Especialista em Place Branding, ele defendeu que essência e identidade são os fatores que sustentam os destinos diante de transformações globais, como a crise climática, a digitalização e as mudanças no consumo. “Autenticidade é a chave. A identidade é o que faz o destino ser resiliente e desejado”, afirmou.

Caio Esteves ministrou a palestra 'Turismo à Prova de Futuro'
Caio Esteves ministrou a palestra ‘Turismo à Prova de Futuro’

]Caio Esteves defendeu que o futuro do turismo não será apenas sobre infraestrutura ou marketing, mas sobre essência e propósito. Para ele, destinos que conseguirem traduzir seus atributos intangíveis — como acolhimento, memória, pertencimento e valores — em experiências reais terão mais chances de se manter relevantes.

Infraestrutura invisível – Rayane Ruas, da Sprint Dados, apresentou uma abordagem sobre inteligência turística baseada em evidências. A especialista falou sobre Big Data, Business Intelligence e Data Analytics, destacando a relevância da Pirâmide do Conhecimento de Russell Ackoff, que organiza o processo decisório em quatro níveis: dados, informações, conhecimento e sabedoria. “Os dados são uma nova infraestrutura invisível do turismo. Assim como precisamos de aeroporto ou hotel, precisamos de dados confiáveis”, afirmou.

Segundo ela, o planejamento turístico deve ser orientado por evidências, com capacidade de análise preditiva e avaliação de resultados. “Precisamos olhar para o passado, entender o presente e planejar o futuro com base em dados. Essa tríade é fundamental para preparar o Pará para capacitação, captação de recursos e promoção do turismo para a COP30, e além dela”, concluiu Rayane Ruas.

Capacitação e captação de recursos – A assessora técnica da Setur, Solange Reis, ministrou a oficina “Elaboração de Projetos Turísticos”, na qual os participantes aprenderam sobre a estruturação de projetos, fontes de financiamento e a importância dos processos licitatórios. A atividade também incluiu a elaboração prática de um projeto, permitindo que os participantes aplicassem os conceitos discutidos.

O painel “Atendendo os Critérios do Mapa do Turismo”, conduzido pelo gerente de Estruturação de Destinos Turísticos da Setur, Hugo Almeida, detalhou as diretrizes e a importância do Mapa para o acesso dos municípios às políticas públicas federais, destacando aqueles que foram contemplados com ações. Ele explicou como as políticas da Secretaria de Turismo são descentralizadas para atender a diversas localidades, incluindo Xinguara, no sudeste paraense, um dos municípios mais distantes de Belém. “Atualmente, o Pará é, proporcionalmente, o terceiro estado com o maior número de municípios inseridos no Mapa. Passamos de 20 para 81 municípios, entre 2023 e 2025. Isso representa uma grande conquista para o turismo, com um instrumento reconhecido como boa prática de gestão”, pontuou.

Painel 'Captação de Recursos na Plataforma TransfereGov'
Painel ‘Captação de Recursos na Plataforma TransfereGov’

Acesso a recursos – Com a missão de fortalecer a capacidade técnica de gestores públicos, o painel “Captação de Recursos na Plataforma TransfereGov” abordou formas eficazes de acesso a recursos federais. Gabriel Peixoto, especialista em Elaboração de Projetos, detalhou as funcionalidades e modalidades de transferências públicas disponíveis no TransfereGov, como convênios, contratos de repasse e emendas parlamentares.

A capacitação priorizou a importância de entender o processo de captação e garantir a efetiva aplicação dos recursos. “Ninguém aprende a nadar sem antes aprender a flutuar. O mesmo acontece aqui. É preciso entender o básico, como funcionam as peças, os movimentos, e só assim o município começa a caminhar sozinho, com autonomia e confiança”, exemplificou Gabriel Peixoto. Para ele, é essencial que os gestores compreendam a lógica da plataforma e invistam na qualificação das equipes, para que saibam não apenas “pedir”, mas também “executar”.

Hugo Almeida abordou os Critérios do Mapa do Turismo
Hugo Almeida abordou os Critérios do Mapa do Turismo

Pavilhão Pará – vitrine para os municípios – Além das capacitações técnicas, o Governo do Pará, por meio da Setur, prepara uma grande ação promocional na COP30: o Pavilhão Pará, espaço turístico interativo que será montado na segunda semana do evento, de 17 a 21 de novembro. O objetivo é apresentar ao mundo a diversidade cultural, gastronômica e econômica do Estado, promovendo a imagem do Pará e criando oportunidades concretas de negócios, parcerias e investimentos para municípios paraenses.

Victor Lopes, coordenador de Marketing da Setur, explicou que a proposta é envolver os municípios na promoção do Estado, incentivando a participação de todos na visibilidade internacional. “Nós queremos que cada município tenha a chance de mostrar o que há de mais bonito e autêntico em seu território: a produção local, a cultura, o turismo, a economia criativa. Além disso, queremos fortalecer o turismo de proximidade, estimulando os próprios paraenses a conhecerem melhor o Estado”, frisou.

Outro diferencial será a integração com agentes da iniciativa privada, organizações sociais, universidades e influenciadores. A ideia é promover conexões reais entre os visitantes da COP30, moradores de Belém e representantes dos diversos territórios paraenses. “Queremos que os municípios se sintam protagonistas, e que esse espaço seja um palco para mostrar suas riquezas ao mundo”, complementou Victor Lopes.

O Pavilhão Pará contará com áreas temáticas, como um palco cultural, espaço gastronômico, estúdio de podcast, área de convivência e um ambiente “instagramável”. “Vamos oferecer uma estrutura completa, com personalização visual e espaços padronizados de 16 metros quadrados. Cada município poderá ambientar seu estande com identidade própria, respeitando o modelo definido pela comissão organizadora do Pavilhão”, explicou o coordenador.

A programação do espaço incluirá ainda apresentações culturais, rodas de conversa, ativações de marca e comercialização de produtos regionais. A praça de alimentação será um ponto alto, com restaurantes locais oferecendo pratos típicos da gastronomia amazônica.

Foto: Marciney Costa/Ascom Setur

bn-avistao-300x100
bn-avistao-300x100

artigos relacionados

PERMANEÇA CONECTADO

50,258FansLike
3,602FollowersFollow
22,600SubscribersSubscribe
banner-AVISTÃO-mob
banner-AVISTÃO-mob
Rastreabilidade Bovina_320x320px
Entregas Ananindeua - 320x320
GovPA_Cirio25_WebBanner_320x320

Mais recentes