A violência contra a mulher não escolhe idade ou ambiente social. Pode ocorrer em relacionamentos amorosos, no trabalho, na escola, dentro do próprio lar ou em qualquer espaço público ou privado. Com o objetivo de prevenir esse tipo de violência desde a infância e a adolescência, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal da Mulher (Semu), lançou, na tarde de ontem, quarta-feira, 24, o Projeto Escola Segura, na Escola Municipal Nestor Nonato Lima, localizada no bairro da Condor. A iniciativa, inédita em uma gestão municipal, prevê a realização de ações e distribuição de cartilhas educativas em escolas municipais, para orientar sobre os diferentes tipos de agressões sofridas pelas mulheres, como identificá-las, o que fazer em caso de violência e onde denunciar.
O lançamento do projeto reuniu cerca de 50 alunos do 7º ano, com idades entre 11 e 13 anos. Segundo a titular da Semu, Silvane Ferraz, a escolha da unidade não foi por acaso. Pesquisas realizadas pela secretaria apontam que o bairro da Condor concentra altos índices de violência contra a mulher.
“A necessidade de criar o projeto surgiu de um levantamento feito pela Semu, que identificou números alarmantes em vários bairros, especialmente na Condor. As crianças refletem a realidade das suas casas e isso se manifesta também no ambiente escolar, em práticas como bullying, cyberbullying e outras formas de violência”, explicou.
O diretor da escola, Fernando Teixeira, reforçou a importância da ação no bairro. “Dados dos órgãos de proteção à criança e ao adolescente de Belém mostram que a Condor é o bairro com maior número de casos envolvendo crianças e adolescentes expostos à violência contra a mulher”, disse Teixeira.

Durante o evento, os estudantes receberam uma cartilha que detalha os tipos de violência que uma mulher pode sofrer — física, psicológica, sexual, patrimonial, moral, stalking e cyberbullying —, além de instruções sobre como agir diante das situações e os locais de denúncia.
A programação incluiu uma palestra conduzida pela psicóloga da Semu, Elissa Melo, que abordou o tema de forma lúdica, com uso de vídeos, jogos e dinâmicas interativas. No debate, alunas relataram já ter sofrido perseguições nas ruas e casos de cyberbullying, quando perfis falsos são criados na internet para enganar ou atacar crianças e adolescentes.
Uma das estudantes que participaram da programação, de 13 anos, aprovou o evento. “Gostei muito da palestra porque ela explica como pedir ajuda. Também foi importante falar sobre bullying, que acontece bastante nas escolas e é uma forma de machismo e violência”.
Já para o diretor Teixeira, a presença do projeto na escola amplia o alcance da prevenção contra a violência de gênero. “Essa ação traz um alerta diante dos índices de violência doméstica. Ao levar essa temática para os estudantes, a escola contribui para que eles levem novos conhecimentos às suas famílias, ajudando a melhorar a qualidade de vida e o convívio familiar”, avaliou.
O Projeto “Escola Segura” vai percorrer toda a rede municipal de ensino da cidade. Nesta primeira etapa, a Semu vai priorizar unidades de bairros com maior incidência de violência contra a mulher, a partir de dados coletados na Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Em seguida, a iniciativa será expandida para todas as unidades de ensino da rede municipal.
Fonte e imagens: Agência Belém
