Um grande espetáculo contra o totalitarismo.
O impulso de começar a assistir a um filme ou série geralmente é para escapar, para se distanciar um pouco das pressões da vida cotidiana ou das notícias mais avassaladoras. Normalmente você não quer enfrentar algo que lhe lembre das coisas terríveis que estão acontecendo no mundo fora do seu controle, mesmo que possam ser cenas incríveis.
É o que acontece com M. Il figlio del secolo, minissérie italiana que retrata com ferocidade a ascensão do fascismo italiano no início do século XX. Com um dos melhores atores atuais como Luca Marinelli no papel principal, e com um diretor britânico como Joe Wright no comando, esses 8 episódios são a grande surpresa do ano, da qual não se fala o suficiente.

Aqui encontramos um retrato intenso de Benito Mussolini que explora sua ascensão política. Da criação das Fasces de Combate Italianas em março de 1919 até o estabelecimento da ditadura fascista em 1922 que marcaria a história da Itália.
Ela mostra sua manipulação de poder, violência e opinião pública, enquanto constrói um regime autoritário e implacável. Também são analisadas sua personalidade, estratégias políticas e como sua ambição o levou a impor um dos governos mais temíveis da história da Europa.
Wright foi abordado pelos produtores italianos da série para dirigi-la, apesar da relutância esperada de alguém de outro país que não quer, por assim dizer, meter os pés pelas mãos ao retratar a história. Mas falar sobre um personagem como Mussolini o atraía profundamente, e a partir do material que lhe era oferecido ele começou a imaginar.
M. Il figlio del secolo: a ascensão de um criminoso
O diretor se inspirou em diversas fontes para o acabamento visual da série, desde o cinema experimental da época até o épico policial Scarface, passando pela cultura das raves dos anos 90. De fato, ele colocou um dos integrantes do The Chemical Brothers, figuras essenciais da música eletrônica da época, no comando da trilha sonora para dar mais fôlego a um show bastante suntuoso.

Este incrível trabalho visual e sonoro diferencia a minissérie de um típico filme biográfico, beirando a vanguarda sem deixar de lado sua impressionante potência narrativa. Tudo consegue engrandecer o que está sendo contado, somado à formidável interpretação de Mussolini por Marinelli, e cria uma das obras mais potentes do ano até agora.
Reprodução Adoro Cinema