Em uma reunião on-line, na segunda-feira (1), com a participação de quase 50 técnicos, entre fiscais e agentes agropecuários, de diversas regiões estaduais, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) iniciou a definição das ações estratégicas para o combate à monilíase, (doença provocada por fungo). Também haverá atividades que serão executadas no Amazonas em conjunto com Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF) e as Superintendências Federal de Agricultura do Pará e do Amazonas, eventos coordenados pelo Departamento de Sanidade Vegetal (DSV/SDA) do Ministério da Agricultura (Mapa).
A solicitação de cooperação ocorreu durante reunião realizada, no dia 28 de junho passado, na sede da Agência, com representantes do Ministério da Agricultura. No encontro, foi apresentado o Plano Estadual de Emergência, Supressão e Erradicação para a Monilíase e alinhada a cooperação institucional.
A Adepará atuará em três frentes: vigilância ativa nas propriedades cadastradas pelo programa do cacau, ações de educação fitossanitária e fiscalização do trânsito agropecuário de produtos de origem vegetal nos postos fixos e volantes.
A intensificação das ações inicia nesta primeira semana de julho, em todos os territórios prioritários e caracterizados como as principais regiões produtoras de cacau no Pará: oeste do Pará, rodovia Transamazônica, Região das Ilhas, sudeste e nordeste paraense. A partir do dia 15, deste mês, as ações conjuntas com o Mapa e ADAF, ocorrerão com ênfase em três municípios do Amazonas: Parintins, Barreirinha e Nhamundá, com a varredura nas propriedades da margem esquerda do rio Amazonas.
“Estas atividades são fundamentais para prevenir a entrada da monilíase no território paraense, por estarem em área limítrofes entre os Estados do Pará e do Amazonas. Nós temos equipes preparadas e capacitadas para reconhecimento da praga e atuação em caso de emergência fitossanitária para a monilíase. Nosso corpo técnico foi treinado em cursos de emergência e no Instituto de Cultivos Tropical -ICT , em Tarapoto-Peru. Participamos também das ações nos Focos em Cruzeiro do Sul , no Acre, e em Tabatinga, no Amazonas. Então, estamos em alerta e intensificando as atividades em consonância com o plano Estadual de Emergência, supressão e erradicação da Moniliase”, ressaltou Jamir Macedo , diretor geral da Adepará.
Praga – A monilíase é provocada por um fungo resistente, com capacidade de se manter latente por até 18 meses, esperando ambiente adequado para a manifestação dos sintomas e sinais, ataca apenas os frutos do cacau e do cupuaçu e demais plantas do gênero Theobroma e Herranias.
A principal característica da doença é a formação de um pó branco sobre os frutos, que são os esporos e podem ser facilmente disseminado pelo vento, e pelo homem ao transportar frutos contaminados, outros sintomas da doença são: o inchaço ou deformação, manchas de cor marrom, o apodrecimento da polpa , das sementes e mumificação dos frutos.
“Nossa orientação para as equipes está além da vigilância ativa, e passa pela orientação de tratos culturais mais efetivos nas lavouras com a recomendação do monitoramento semanal dos frutos. Não precisamos esperar confirmação da presença da praga para implementar uma medida tão simples e eficaz. Na primeira identificação dos sintomas retira-se o fruto, pois desta forma quebra-se o ciclo da doença e não ocorre a esporulação. Essa rotina semanal de monitoramento de frutos é uma das estratégias dos produtores que convivem com a monilíase no Peru.” orienta Lucionila Pimentel, diretora de defesa e inspeção vegetal da Adepará.
Para as ações emergenciais, a ADEPARÁ utilizará o mapeamento das rotas de risco para a monilíase do cacaueiro, trabalho executado pelo Programa Fitossanitário do Cacau, que efetuou a demarcação das rotas intermunicipais e interestaduais, identificando os pontos de embarque e desembarque rodoviário e fluvial de produtos agropecuários. Uma das rotas é pelo Rio Amazonas, partindo do município de Tabatinga, no Amazonas. A outra é rodoviária, saindo de Cruzeiro do Sul, no Acre, até chegar a Jacareacanga, no Pará.
Histórico – Há uma década a Adepará realiza ações de detecção da monilíase no Pará. O primeiro curso de emergência para a praga foi realizado na Ilha de Mosqueiro em 2014, ponto de partida para os levantamentos de detecção da praga em propriedades. Naquele ano foram realizados 110 levantamentos, número este, que foi aumentando no decorrer desta década; Em 2023 foram realizadas 891 inspeções em propriedades rurais, neste ano de 2024 a meta é realizar o levantamento em 1010 propriedades localizadas em 41 municípios paraenses.
Estrutura para o combate à Monilíase – Hoje, a Adepará possui 35 técnicos capacitados para as ações de emergência fitossanitária, 100% de técnicos capacitados em uso de sistemas, 15 em desenvolvimento de mapas, 20 classificadores de amêndoas de cacau e 14 técnicos que receberam treinamento prático de identificação e controle da praga em Tarapoto, no Peru. Além de veículos novos e lanchas.
Fiscalizações – De janeiro a maio de 2024, as fiscalizações de trânsito agropecuária fiscalizaram mais de 8 mil veículos em ações volantes e nas barreiras fixas e apreenderam 76 toneladas de frutos que estavam sendo transportados em desacordos com as normas estabelecidas.
Base legal para as ações – Em 2021 a praga foi detectada no Acre e no ano seguinte, 2022, foi registrado foco no Amazonas. Atualmente, duas legislações estaduais embasam as ações de prevenção voltadas para a monilíase no Pará, a portaria Nº 7833/2022 e o decreto estadual Nº 3954/2024. As principais ações desenvolvidas pela Adepará para prevenção da monilíase são: o cadastramento das áreas de produção por meio do georreferenciamento das propriedades e dos plantios, Levantamento das rotas de risco para entrada da praga, Levantamento de detecção da praga, Educação sanitária e Fiscalização do trânsito agropecuário.
Fonte: Agência Pará/Foto: Divulgação