Com o verão intenso, um picolé de frutas pode ser uma boa opção para amenizar o calor. As aves do Parque Zoobotânico Mangal das Garças, em Belém, recebem a sobremesa inusitada feita com água e um mix de frutas, inserida na alimentação diária. A ação é parte do projeto de enriquecimento ambiental que introduz objetos e alimentos para proporcionar maior bem-estar aos animais.
No período de estiagem as aves podem ficar mais estressadas. A equipe técnica do Mangal oferece alimentos gelados para que elas possam aliviar o calor. As araras e papagaios se refrescaram com picolés feitos com banana, milho, maçã e água, enquanto os tucanos ganham ovos gelados com casca. As aves gostam da novidade, mas precisam de um tempo para a adaptação à temperatura do picolé.
O projeto de enriquecimento ambiental é realizado há quatro anos, utilizando estratégias de adaptação para amenizar o estresse dos animais. Geralmente, as ações estão relacionadas ao estímulo da cognição, que além da introdução de alimentos se dá com a inserção de objetos, como papelão, cortiças e pedaços de miriti, para promover aprendizagem e desgaste do bico, por exemplo.
Sem estresse – “Nesse projeto buscamos levar os animais a interagir e ter experiências sensoriais, que os ajudem a controlar o estresse e dar vazão às habilidades naturais. Os picolés, por exemplo, ajudam a controlar o estresse provocado pelo calor durante o verão”, informou Basílio Guerreiro, biólogo do Mangal.
Ele explicou, ainda, que “também realizamos a observação da aceitação dos animais com aquilo que é oferecido. Assim conseguimos verificar se ele vai interagir com aquele objeto novo, principalmente em se tratando das aves, que geralmente são neofóbicas (têm aversão ao novo)”.
As novidades na alimentação são importantes, ressaltou Basílio Guerreiro. “Quando o animal não tem esse tipo de distração em momentos de estresse, principalmente a ave, ele começa a fazer a automutilação, a arrancar as penas e as garras, e a ferir outras partes do corpo”, acrescentou.
REABILITAÇÃO
Sobre o bem-estar psicológico, o biólogo garantiu que as atividades influenciam diretamente o aspecto emocional dos animais. “Muitos animais vêm de um histórico de abuso ou maus-tratos, chegando aqui já com algum trauma. Além disso, existe o trauma natural desenvolvido a partir da separação da família com a qual viviam, como é o caso das araras e papagaios. Quando ocorre esse rompimento familiar, o animal sofre, e deixa de se alimentar da forma correta. A reabilitação não é somente da parte física, mas também emocional, na qual buscamos oferecer conforto, bem-estar e tudo o que eles precisam para voltar a viver bem”, reiterou.
As atividades do projeto de enriquecimento ambiental ocorrem frequentemente no Mangal das Garças, e são modificadas conforme o grau de estresse e adaptação dos animais.
O Parque Zoobotânico Mangal das Garças funciona de terça-feira a domingo, das 8h às 18h, e tem entrada gratuita. O local é administrado pela Organização Social Pará 2000, por meio de contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur).
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