O 3º Fórum de Arqueologia e Turismo na Amazônia, iniciado na segunda-feira, 04, no auditório do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, prosseguirá até sábado, 09, visa aprofundar os debates sobre a importância do turismo arqueológico na região amazônica, abordando desafios e potencialidades. Representantes do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) já apresentaram casos práticos de arqueoturismo em parques estaduais, como o de Monte Alegre, no Oeste, e o da Serra dos Martírios/Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, na região Sudeste.
Organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em conjunto com o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e o MPEG, o fórum promove o diálogo entre centros de pesquisa, instituições de visitação e grupos de trabalho temáticos sobre arqueoturismo. Além de atrair olhares acadêmicos e do segmento turístico, a iniciativa visa debater estratégias de conservação dos sítios arqueológicos amazônicos que enfrentam ameaças crescentes devido às mudanças climáticas, e cuja proteção é garantida pela Lei nº 3924, de 1961.
O gerente da Região Administrativa da Calha Norte 1, do Ideflor-Bio, Jorge Braga, expôs o painel “Gestão, visitação e políticas públicas para o Parque Estadual Monte Alegre”. O local abriga a Caverna da Pedra Pintada, com registros de ocupação humana de 12 mil anos, sendo o mais antigo sítio arqueológico da Amazônia. Jorge Braga destacou a importância de unir preservação e turismo sustentável para valorizar esse patrimônio. “A Caverna da Pedra Pintada é um tesouro arqueológico e científico. Nosso papel é garantir que a visitação contribua para a preservação e a valorização cultural da região, sem comprometer a integridade desse patrimônio”, ressaltou.
O Ideflor-Bio também foi representado pela gerente da Região Administrativa do Araguaia, Laís Mercedes, que discutiu as experiências de arqueoturismo no Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas. Segundo ela, o Instituto vem trabalhando para tornar o turismo em sítios arqueológicos uma atividade educativa e responsável. “O arqueoturismo na Serra das Andorinhas é pensado para educar e sensibilizar os visitantes. Queremos que cada pessoa que passe por ali se sinta parte da história e compreenda a importância de proteger esses vestígios”, destacou.
DEBATE PRÉVIO
O Fórum ocorre em um momento oportuno para a Amazônia, com a região se preparando para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A proteção do patrimônio arqueológico amazônico ganha relevância nesse contexto, pois as mudanças climáticas, além de ameaçarem os ecossistemas, podem comprometer a preservação de sítios históricos. Os organizadores do Fórum acreditam que os debates ajudarão a impulsionar políticas públicas de conservação, que integrem a questão climática à preservação do patrimônio arqueológico.
O evento também visa socializar o conhecimento sobre patrimônio arqueológico amazônico, que, por sua fragilidade e valor científico, exige estratégias de manejo criteriosas. Com essa finalidade, o Fórum conta com seminários e grupos de trabalho que discutem aspectos técnicos e sociais do arqueoturismo, visando ao fortalecimento de uma rede de proteção e promoção do patrimônio histórico. A articulação entre pesquisa e políticas públicas é vista como um caminho essencial para preservar esses locais, garantindo que possam ser conhecidos pelas gerações futuras.
OPORTUNIDADES
Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, o Fórum é uma oportunidade para expor desafios e avanços na gestão de parques com potencial arqueológico no Pará, além de fortalecer parcerias institucionais.
“As discussões e os conhecimentos trocados no evento são vistos como uma base para aprimorar as práticas de arqueoturismo nos parques estaduais, que atuam como polos de educação ambiental e preservação cultural. A interação entre gestores de turismo e arqueologia no Fórum é considerada um avanço para o setor, que busca consolidar a Amazônia como um destino de turismo arqueológico sustentável”, enfatizou o gestor.
O 3º Fórum de Arqueologia e Turismo na Amazônia, apoiado pelo Ideflor-Bio, conta ainda com a colaboração de outras instituições locais, como a Arqueo Soul e UFPA. A parceria entre entidades acadêmicas e ambientais visa à construção de um modelo de turismo que respeite o passado da região e, ao mesmo tempo, contribua para seu desenvolvimento socioeconômico.
Imagem: Agência Pará de Notícias