Em novembro de cada ano, diversas cidades e regiões do Brasil se mobilizam para promover o reconhecimento e a valorização da cultura negra, destacando a luta pela equidade racial. Na Ilha do Marajó, especificamente em Cachoeira do Arari, o território quilombola Gurupá foi o palco do “XX Jogos de Identidade Quilombolas”. Esta edição do evento reuniu 20 territórios quilombolas do Marajó, promovendo um intercâmbio cultural e esportivo significativo entre as comunidades e reafirmando a importância da consciência negra na preservação da identidade e da cultura afro-brasileira.
O Estado do Pará se destaca como um dos maiores reconhecedores e documentadores de territórios quilombolas no Brasil, refletindo a rica herança cultural que permeia essas comunidades. Os municípios de Cachoeira do Arari, Salvaterra e Ponta de Pedras enviaram equipes de competidores que participaram de uma série de disputas em diversas modalidades esportivas. Entre as atividades, destacaram-se vôlei, futebol, natação, canoagem, corridas de velocidade e resistência, além de jogos de tabuleiro como dama e dominó. Essas competições não apenas estimulam a prática de esportes, mas também fortalecem os laços comunitários e a identidade cultural dos participantes.
A comunidade de Gurupá, situada a aproximadamente 40 quilômetros de Cachoeira do Arari, abriga cerca de 250 famílias em uma área de 10.026 hectares, composta por agricultores, pescadores, extrativistas e funcionários públicos. Essa diversidade reflete a resiliência e a adaptabilidade da comunidade, que preserva suas tradições enquanto enfrenta os desafios contemporâneos. O professor e líder comunitário Rosivaldo Moraes Correia, de 48 anos, destacou que a primeira edição dos jogos quilombolas ocorreu em 2001, em Salvaterra, e desde então o evento se tornou um símbolo de luta, resistência e confraternização para as populações negras da região.
As modalidades esportivas incluídas na programação deste ano abrangiam voleibol, futebol de campo, luta marajoara, mergulho, natação e corridas, entre outras. O evento culminou no dia 17, com grande participação da comunidade e uma atmosfera de alegria e união, reforçando a importância da valorização da cultura quilombola e da luta por direitos iguais. A consciência negra, celebrada neste contexto, nos convida a refletir sobre a história e a luta dos afrodescendentes no Brasil, promovendo diálogos que contribuam para a construção de um futuro mais igualitário e justo para todos.
Essas celebrações são um chamado à ação para reconhecer e confrontar as desigualdades raciais que ainda persistem, ressaltando a importância da diversidade, do respeito e da valorização das raízes africanas na formação da identidade brasileira. Os Jogos Quilobolas de Cachoeira do Arari são, assim, uma expressão vibrante da luta pela dignidade, pelo respeito ve pela valorização de todas as vidas, independentemente da cor da pele.
Texto e imagens: Reginaldo Ramos/R3 Comunicação