Segundo a Procuradoria-Geral da República, antes do trágico atentado que ceifou a vida da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, descartaram a possibilidade de executar o deputado licenciado Marcelo Freixo (PT-RJ) devido à sua “grande projeção política”. A PGR alega que eliminar Freixo poderia desencadear uma repercussão desproporcional, conforme consta na denúncia apresentada esta semana contra os irmãos.
A acusação formal contra Chiquinho e Domingos, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de homicídio e organização criminosa, coloca o assassinato de Marielle em um contexto de rivalidades políticas com o PSol, partido da vereadora e anterior legenda de Freixo.
Segundo a PGR, os Brazão estavam interessados em flexibilizar as normas para a exploração de loteamentos na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas as ações do partido de Marielle “tornaram-se um sério obstáculo” para os negócios almejados por Chiquinho e Domingos.
O histórico de conflitos com o PSol é longo, conforme aponta a denúncia. Em 2008, no desfecho da CPI das Milícias, os irmãos Brazão foram identificados como beneficiários do “curral eleitoral” estabelecido sob pressão da milícia de Oswaldo Cruz. O presidente da referida comissão parlamentar de inquérito foi o então deputado estadual Freixo.
A PGR também menciona que a bancada do PSol questionou a eleição de Domingos para o TCE-RJ, recorrendo à Justiça para contestar a escolha, alegando que ele não possuía o “notório saber jurídico”, um dos pré-requisitos para assumir o cargo no tribunal de contas.