O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) informou que o solo do Rio Grande do Sul está completamente saturado por causa das recentes chuvas intensas.
O limite de saturação do solo, cerca de 1 cm³/cm³, em várias áreas do Estado, foi atingido na última segunda-feira, 20, de acordo com a Ufal. O professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, mencionou que nessas regiões o solo não pode mais absorver água, o que resulta em escoamento superficial da água da chuva e eleva o risco de inundações.
“Quando o solo está muito úmido, sua capacidade de absorver mais água, como faria uma esponja, diminui”, disse Barbosa ao portal g1. “Isso acontece porque o solo já está saturado; ele não está apenas úmido, mas atingiu seu limite de saturação, como uma esponja completamente encharcada.”
Barbosa explicou que, segundo dados do satélite soil moisture active passive (umidade do solo passiva e ativa), o solo seco nessas áreas tem capacidade de absorver a água.
“Se o solo de Porto Alegre estivesse seco, a água já teria percolado, ou seja, infiltrado no subsolo, alimentando o lençol freático com a água que vem da superfície”, destacou Barbosa.
Depois de um mês marcado por uma onda de calor no Brasil, espera-se que as temperaturas fiquem abaixo da média nos próximos dias. O site Climatempo prevê que uma nova e intensa frente fria avançará pelo país a partir desta sexta-feira.
O fenômeno vai trazer chuvas e frio, principalmente para os Estados do Centro-Sul. Com a frente fria, as chuvas retornarão ao Sul, e o tempo deve permanecer muito instável no Estado, com previsão de chuva para toda a região.
MAIS CHUVAS
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para a possibilidade de chuvas que podem acumular até 100 milímetros no norte do Rio Grande do Sul, Paraná e grande parte de Santa Catarina. Os ventos podem atingir até 100 km/h nessas áreas.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indicou uma alta possibilidade de novas enchentes nas mesorregiões sudeste rio-grandense e metropolitana de Porto Alegre.
Nos municípios ao redor da Lagoa dos Patos, os volumes de chuva podem alcançar 150 milímetros até o fim desta sexta-feira. A situação é alarmante, especialmente por causa do nível elevado dos rios da região.
As novas chuvas podem piorar as condições em Porto Alegre, onde o nível do Lago Guaíba continua alto, apesar da recente diminuição. Os temporais podem causar uma nova elevação do nível da água no local.
O órgão também alerta para a possibilidade de deslizamentos nessas áreas. O risco é considerado alto para eventos geológicos nas regiões metropolitana de Porto Alegre e nordeste rio-grandense, especialmente na Serra Gaúcha.
O alerta leva em conta a condição de saturação do solo e indica o risco de novos deslizamentos em encostas urbanas e quedas de barreiras nas margens de estradas.
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