O Brasil acompanha com atenção uma série de casos de intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica que pode estar presente em bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, São Paulo registrou 22 casos suspeitos, com seis mortes em investigação, e Pernambuco investiga três ocorrências. A suspeita principal é que as vítimas tenham consumido destilados contaminados.
Onde ocorreu e como as investigações avançam
Dois bares em São Paulo Ministrão, nos Jardins, e Torres, na Mooca foram fechados pela Vigilância Sanitária e Polícia Civil. A polícia também realizou apreensões de 50 mil garrafas suspeitas e prendeu dois indivíduos em Americana, suspeitos de falsificação de bebidas. A Polícia Federal investiga a origem do metanol e a possibilidade de distribuição para outros Estados.
Embora algumas organizações levantem a hipótese de ligação com o crime organizado, as autoridades afirmam que não há evidências de participação de facções criminosas nos casos.
Como identificar bebidas adulteradas
Especialistas e associações recomendam atenção especial ao consumir bebidas alcoólicas:
Prefira comprar em estabelecimentos confiáveis;
Desconfie de preços muito abaixo do mercado;
Observe a presença de micropartículas ou sujeira no líquido;
Exija nota fiscal;
Verifique se o lacre está intacto;
Rótulos mal colados ou informações borradas são sinais de alerta;
Procure o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);
Para destilados, verifique o selo do IPI, próximo à tampa.
O que é o metanol e por que é tão perigoso
O metanol é um produto químico industrial presente em fluidos anticongelantes e limpadores de para-brisa, não destinado ao consumo humano. Mesmo pequenas quantidades podem causar cegueira, falência de órgãos e morte. Inicialmente, os sintomas podem parecer leves enjoo, tontura ou embriaguez mas o corpo só percebe a intoxicação horas depois, quando metaboliza a substância e produz toxinas perigosas para os olhos, cérebro e rins.
Como é feito o tratamento
A intoxicação por metanol é uma emergência médica. Tratamentos podem incluir:
Administração de etanol em ambiente hospitalar para retardar a metabolização do metanol;
Diálise para remover o tóxico do sangue;
Suporte intensivo para órgãos afetados.
O professor Alastair Hay, especialista em toxicologia ambiental, explica que quanto mais cedo a vítima receber atendimento, maiores são as chances de sobrevivência. “Você pode morrer com uma pequena quantidade de metanol ou sobreviver mesmo com doses altas, se receber ajuda a tempo”, afirma.
Casos recentes no mundo
O Brasil não é o único país afetado. Rússia, Turquia, Laos e Kuwait registraram intoxicações graves por bebidas adulteradas com metanol, resultando em dezenas de mortes e hospitalizações.
Por: Thays Garcia/ A Província do Pará
Imagem: Freepik