O NAAC (Núcleo de Audiovisual em Artes Cênicas) da Casa das Artes promoveu, de 17 a 22 de junho, o laboratório em videodança “Poéticas de Dança para Tela”, na modalidade híbrida. Durante seis dias, os participantes tiveram a oportunidade de imergir no universo da videodança, explorando aspectos teóricos, estéticos e práticos dessa forma de expressão artística. Sob a orientação dos instrutores Lilian Graça e Leonel Brum, os participantes se envolveram em um processo que incluiu aulas expositivas, experimentações práticas, debates e visualização de videodanças.
O conteúdo programático abrangeu desde aspectos históricos e estéticos da videodança até questões técnicas, como edição e técnicas de gravação. Além disso, o laboratório ofereceu uma introdução aos estudos da percepção na videodança, abordando conceitos como empatia estética, percepção, imersão e visualidade háptica.
Danilo Bracchi, coordenador de Linguagem Cênica da FCP, explica que o laboratório é o primeiro módulo de uma série planejada para atender ao crescente interesse dos artistas pelo audiovisual ligado às artes cênicas. Sobre a oficina de videodança, o coordenador dispara: “o interesse dos alunos é notável, ninguém falta às aulas, e a modalidade híbrida facilitou a participação de muitos participantes que, por vezes, não podiam estar presentes fisicamente. Esse formato permitiu que pessoas de outras regiões participassem ativamente, mesmo que não pudessem estar presentes todas as manhãs,” comenta.
Bracchi destaca ainda o impacto do laboratório na cena local. “A videodança cresceu muito e chegou com força. Temos inclusive um festival local de videodança, agora em sua segunda edição e alguns artistas da região já foram premiados com trabalhos nessa linguagem. É importante trazer referências de fora, como Lilian Graça e Leonel Brum, para complementar o processo criativo dos artistas locais,” afirma.
Lilian Graça, instrutora do laboratório, compartilha que a experiência tem sido enriquecedora. “A troca intensa e a vontade de aprender dos alunos são impressionantes. Eles questionam, experimentam e são muito abertos ao conhecimento. A videodança exige uma prática intuitiva, mas também uma reflexão sobre o fazer artístico. Nosso objetivo é mediar esse conhecimento de forma consciente,” diz.
Já o instrutor Leonel Brum destaca os desafios e aprendizados do laboratório, especialmente ao trabalhar com participantes com deficiência. “Temos participantes com baixa visão, cego e com desafios de mobilidade, e isso nos desafia a adaptar e criar juntos. Uma aluna com baixa visão, por exemplo, tem demonstrado uma incrível capacidade de se orientar durante as atividades, mostrando a importância da inclusão na prática artística,” comenta.
O NAAC foi criado recentemente para explorar novas linguagens e conceitos. “A criação do núcleo surgiu da necessidade de trabalhar com essas linguagens integradas, especialmente em um contexto pós-pandemia onde a performance e a produção audiovisual se tornaram mais acessíveis,” explica Bracchi.
A Casa das Artes cumpre seu papel de promover a pesquisa, experimentação, residência e formação, com foco na qualidade e no desenvolvimento artístico dos participantes. “Estamos formando uma cena qualificada e esse investimento em trazer referências de fora e proporcionar essa formação vai aquecer e qualificar a cena local,” conclui.
Fonte: Agência Pará Foto: Divulgação