O que começou como um hobby de infância é hoje um negócio bem-sucedido comandado pelo empreendedor e apresentador Bruno Borsari
Neste domingo (29) é comemorado o Dia do Pescador. A data celebra a importância desse profissional para a economia nacional, e busca conscientizar a população sobre a importância de práticas sustentáveis para a continuidade da atividade, que desempenha um papel crucial para inúmeras famílias e regiões do país.
Para além de seu papel econômico, a pesca é também sinônimo de lazer e oportunidade de negócio para muitos entusiastas. É o caso de Bruno Borsari, empreendedor curitibano que apostou na pesca esportiva ao abrir seu próprio negócio na cidade de Barcelos, na região amazônica.
Filho de um casal igualmente apaixonado pela atividade, Bruno cresceu em meio a expedições familiares de pescaria no Pantanal junto a seus pais e irmãos durante os meses que compõem a alta temporada de pesca e também as férias escolares.
“As viagens passaram a ser algo feito em família, um hobby compartilhado e que rendeu bons momentos e memórias”, lembra.
Até que, aos 15 anos, Bruno perdeu seu pai, e a prática esportiva perdeu sentido por um tempo.
“Foi um trauma bem grande, e isso não foi diferente com a pesca”, diz.
A ausência da pescaria na rotina levou Bruno a encontrar novas paixões, e ele então passou a praticar artes marciais, ensinando capoeira a outros jovens, já aos 16 anos.
Anos depois, escolheu a prática como profissão — e também como primeiro esforço empreendedor, ao abrir sua própria academia de artes marciais após se formar em educação física. A dedicação ao esporte o distanciou ainda mais da pesca, ora por falta de tempo, ora de recursos.
A mudança veio aos 25 anos, quando decidiu retomar o antigo hobby após encontrar na internet informações do hotel em que costumava se hospedar com seu pai durante suas viagens ao Pantanal, 10 anos após a sua última viagem ao local.
A expedição o levou a retomar o gosto pela pescaria. O bom desempenho da academia também o incentivava a investir cada vez mais tempo e dedicação às viagens de pesca, cada vez mais frequentes.
“Foi como despertar algo que estava há muito tempo adormecido, mas que continuava comigo aquele tempo todo”, conta. “Em 2013, a academia já não dependia tanto de mim e minha presença física, então era hora de voltar a me dedicar a algo que amava”, diz.
Dos rios aos negócios: a pescaria que virou negócio lucrativo
Trabalhar com pescaria não era um plano para Bruno. Mas a história mostra que, muitas vezes, um lazer pode se tornar algo lucrativo, se feito de maneira estratégica e bem planejada.
A ideia para fazer do esporte um negócio surgiu durante uma dessas viagens a lazer. Da pequena cidade de Barcelos, no Amazonas, um reduto para pescadores devido à sua natureza exuberante e rios repletos de espécies de peixes gigantes, ele percebeu que a pescaria poderia ser lucrativa, se destinada ao nicho de público certo.
A breve vivência em meio ao coração da Amazônia, em um barco hotel, levou o pescador a também entender que havia outros interessados em ter a mesma experiência, e percebeu isso ao compartilhar fotos e vídeos da experiência na internet.
“Percebi que a pesca ali era abundante, mas pouco voltada aos apaixonados pelo esporte. Havia uma grande oportunidade ali”, conta.
Ao compartilhar detalhes das viagens e dicas de pesca para amantes da pesca esportiva, os perfis de Borsari nas redes sociais ganharam visibilidade, e logo se tornaram vitrines do estilo de vida do pescador, que acumula mais de 160 mil seguidores.
Atualmente, ele é também apresentador do programa “Alma de Gigante”, do canal televisivo Fish TV.
O primeiro passo para empreender no ramo veio apenas cinco anos depois, em 2018, com a compra de um barco. Bruno passou a organizar excursões de pesca a esses entusiastas que o acompanhavam pelas redes sociais. Nascia assim a operação Poraquê.
“Em um determinado momento, percebi que tinha nove grupos de pesca diferentes. Toda a operação já estaria estruturada, eu só precisava de um barco — e assim o fiz”, conta.
O barco Poraquê tem capacidade para 16 pessoas, e conta com 8 suítes, refeitório climatizado e outros detalhes estruturais implementados por Borsari para garantir o conforto dos pescadores.
Seis anos depois, a operação continua enxuta, mas bem-sucedida, afirma Borsari.
“Estamos com a agenda lotada para as próximas três temporadas, que na Amazônia vai de agosto a março, ou seja, até 2028. É hoje um negócio lucrativo e bem-sucedido, e pessoas de todo o mundo vêm pescar no Poraquê”.
Dicas para transformar um hobby em negócio
Segundo ele, entre as principais lições para o sucesso do empreendimento está a percepção de que é preciso investir em atendimento de qualidade.
“Estamos falando de experiência, um investimento e uma viagem aguardada por cada um dos envolvidos. É essencial entregar o melhor, de refeições às acomodações. Isso garante a fidelização”, diz.
Outro conselho, afirma, é ter uma equipe coesa por trás do negócio.
“Reconhecer que não sei de tudo é o primeiro passo. Preciso estar cercado de pessoas boas, tecnicamente experientes e com conhecimento prático”.
Atualmente, a Poraquê é comandada à distância por Bruno, que reside em São Paulo e lidera uma equipe de guias e auxiliares técnicos em Barcelos.
Com a visibilidade das redes sociais, Borsari também recomenda uma atenção especial ao papel da internet nos negócios.
“Isso está relacionado à sua habilidade de saber vender e fazer as conexões certas. No final, saber se vender é essencial”.
Sem abrir mão da paixão pela pesca esportiva, Borsari afirma que empreender com hobbies é uma questão de equilíbrio.
“A pesca sempre foi algo de lazer para mim, um hobby e uma paixão. A dica é manter essa paixão acesa, lembrando sempre da origem da sua motivação pessoal”, diz.
(Texto de Maria Clara Dias, da CNN)
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