quarta-feira, novembro 20, 2024
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Escala 6X1: “Desgaste gerado impacta resultados das ações das ONGs”, diz Abong

A Associação Brasileira das ONGs (Abong) tornou pública seu posicionamento em apoio ao fim da jornada de trabalho 6×1, que exige seis dias consecutivos de trabalho com apenas um dia de descanso para o trabalhador no Brasil. Em Nota Oficial, intitulada “Cuidar de si para poder cuidar do outro”, a associação reforça a importância de valorizar os trabalhadores e trabalhadoras que atuam em Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs), defendendo alternativas que promovam o bem-estar e a dignidade no ambiente laboral.

De acordo com a Abong, a jornada 6×1 afeta de forma mais severa os grupos historicamente marginalizados, como pessoas pobres, mulheres, negros e LGBTQIAP+, agravando condições de desigualdade e comprometendo a saúde física e mental desses profissionais. “O desgaste gerado pela escala 6×1 não é apenas uma questão de justiça social. Ele também impacta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos por ONGs e OSCs em áreas essenciais como assistência social, educação, saúde e defesa de direitos humanos”, destaca a nota.

Um estudo recente da Sitawi revelou que o setor de ONGs e OSCs representa 4,27% do PIB brasileiro, evidenciando a relevância deste segmento não apenas social, mas também econômica. Nesse contexto, a Abong propõe modelos de trabalho mais equilibrados, como as escalas 5×2 ou 3×1, e incentiva o diálogo participativo entre as organizações e seus profissionais para construir soluções que considerem especificidades de cada contexto.

“É fundamental que os setores público e privado reconheçam o papel essencial das ONGs e OSCs no desenvolvimento do país, apoiando políticas que assegurem condições de trabalho dignas e fortalecendo essas organizações como agentes de transformação social”, afirma a Abong. Para a associação, valorizar os trabalhadores significa também investir na qualidade e na sustentabilidade dos projetos que impactam diretamente os grupos mais vulneráveis da sociedade. Leia a íntegra da Nota Pública:

Nota da Abong em apoio ao fim da jornada de trabalho 6×1 e pela valorização dos trabalhadores e trabalhadoras nas ONGs e OSCs

Cuidar de si para poder cuidar do outros

A Associação Brasileira de ONGs (Abong) manifesta seu apoio ao fim da jornada de trabalho 6×1 e reforça a importância de estabelecer um diálogo contínuo com a classe trabalhadora, especialmente com os profissionais que atuam em Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Reconhecemos o valor inestimável de cada trabalhador e trabalhadora que dedica sua energia e habilidades a causas sociais e humanitárias, muitas vezes em condições desafiadoras e com recursos limitados.

A jornada 6×1, que impõe seis dias consecutivos de trabalho com apenas um dia de descanso, prejudica particularmente os grupos historicamente marginalizados, como pessoas pobres, mulheres, pessoas negras e LGBTQIAP+. Estes profissionais, que muitas vezes enfrentam múltiplas opressões e sobrecargas, veem sua saúde física e mental ainda mais impactada por essa rotina exaustiva. O desgaste gerado pela escala 6×1, além de ser uma questão de justiça social, afeta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos pelas ONGs e OSCs, que atuam em áreas essenciais como assistência social, saúde, educação e defesa de direitos humanos.

Uma pesquisa recente da Sitawi destacou a relevância das ONGs e OSCs na economia brasileira, apontando que esse setor contribui com 1,4% do PIB nacional. Esses dados reforçam o impacto positivo dessas organizações para a sociedade e para a economia, evidenciando a necessidade de criar condições de trabalho dignas e justas para os/as profissionais que atuam nesse campo. A valorização do trabalho nas ONGs e OSCs é não apenas um compromisso ético, mas também um investimento no fortalecimento de um setor que gera transformações sociais significativas.

Diante desse cenário, a Abong defende alternativas que promovam uma jornada de trabalho mais equilibrada e sustentável. Modelos como a escala 5×2 (cinco dias de trabalho e dois de descanso) ou 3×1 (três dias de trabalho e um de descanso) podem representar uma solução mais adequada para garantir o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras, sem prejudicar a continuidade e a qualidade dos serviços prestados. Além disso, incentivamos o diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras das ONGs e OSCs, para que as alternativas sejam construídas de forma participativa, levando em conta as necessidades e especificidades de cada contexto.

É fundamental que essa discussão seja ampliada e que os setores público e privado reconheçam o papel essencial das ONGs e OSCs no desenvolvimento do país, apoiando políticas e iniciativas que assegurem condições de trabalho dignas e o fortalecimento institucional dessas organizações. As maiores vítimas da exaustão e das condições precárias de trabalho são, muitas vezes, aquelas que mais precisam desses empregos e que, por isso, enfrentam barreiras para exigir melhores condições. Nosso compromisso com as mudanças sociais se reflete também em nosso desejo de promover ambientes de trabalho saudáveis e justos, onde os profissionais, especialmente aqueles que já vivem sob a pressão das desigualdades, possam exercer seu papel com dignidade, segurança e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

A Abong se coloca à disposição para contribuir com esse diálogo e reforça seu compromisso com os direitos trabalhistas e com a construção de alternativas que fortaleçam as ONGs e OSCs enquanto agentes de transformação social, especialmente para os grupos mais vulnerabilizados em nossa sociedade.

Abong – Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais

Fonte e imagem: Agência Pauta Social

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