Um dos símbolos mais importantes da fé católica no Pará, a Catedral Metropolitana de Belém – também conhecida como Igreja da Sé – está ganhando uma nova vida. A fachada da igreja, que tem mais de dois séculos de história, está passando por um processo minucioso de restauração e deve ser entregue no dia 30 de setembro, a tempo para o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre em outubro.
A iniciativa é 100% privada, idealizada e coordenada pelo engenheiro civil André Martha Tavares, que tem mais de 30 anos de experiência na área e há duas décadas atua com restaurações. Movido por um sonho antigo, André buscou parceiros e deu início às obras em julho, com o objetivo de preservar um dos patrimônios históricos mais emblemáticos da cidade.
“O restauro é um sonho que eu tinha há muitos anos. Tive coragem de conversar com o monsenhor Agostinho, fiz o planejamento e corri atrás dos parceiros. Restaurar um patrimônio como esse é muito importante para Belém e para o Estado do Pará”, disse André.
Um trabalho coletivo e cuidadoso
A obra conta com o apoio de cerca de dez empresas parceiras, que se uniram para viabilizar o projeto sem custo para a Igreja ou para o poder público. Para André, essa união é um exemplo de como o setor privado pode contribuir com a preservação da memória e da identidade de uma cidade.
“Aqui não tem um tostão do Estado nem da Igreja. São parceiros que acreditaram nessa missão. Quando juntamos muitas mãos, o trabalho se torna leve e possível”, destacou o engenheiro.
A restauração está sendo feita com técnicas especializadas: toda a tinta antiga está sendo cuidadosamente removida, o reboco danificado é substituído por argamassa histórica, trazida de fora do Estado, e os detalhes em pedra estão sendo recuperados manualmente com uso de pincéis e equipamentos específicos.
Preservação que inspira
A ação vai além da beleza arquitetônica. Para a Arquidiocese de Belém, a restauração é também um gesto de fé e de valorização do patrimônio religioso, especialmente em um momento em que a cidade se prepara para dois grandes eventos: o Círio de Nazaré, em outubro, e a COP 30, que ocorrerá em novembro.
“A igreja já atravessa mais de dois séculos sendo um marco da fé e sentinela da cidade. Não dispunha de recursos para atender às reformas necessárias. A iniciativa do senhor André Martha foi uma verdadeira providência divina”, afirmou o monsenhor Agostinho Cruz, Cura da Sé.
A Catedral é o ponto de partida da principal manifestação religiosa do Pará e uma das maiores do Brasil, o Círio. Por isso, a revitalização da fachada tem um peso simbólico ainda maior, reforçando a ligação entre fé, história e cidade.
Exemplo a ser seguido
Além de entregar a Catedral restaurada antes do Círio, André espera que esse movimento inspire outros empresários a adotarem monumentos e prédios históricos que também precisam de atenção.
“Existem igrejas tombadas em Vigia, a Igreja de São João em Belém está muito danificada… A ideia é mexer com o empresariado paraense, mostrar que é possível fazer. Belém merece esse cuidado”, defendeu.
A reforma da Sé é um marco que une passado e futuro, tradição e iniciativa. Um presente à cidade e aos fiéis, feito por quem acredita na importância de preservar o que é nosso.
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